Milhares de manifestantes pró-UE em protesto à porta do parlamento da Geórgia
Milhares de manifestantes reuniram-se hoje, ao princípio da noite, junto ao parlamento da Geórgia, em Tiblíssi, para a 11.ª noite de protestos contra o Governo, acusado de abandonar as ambições europeias do país e de autoritarismo pró-russo.
Tal como nas noites anteriores, alguns manifestantes pró-União Europeia (UE) bateram nas barreiras metálicas que bloqueiam a entrada do parlamento, enquanto outros agitaram bandeiras da UE e tocaram buzinas e apitos, observaram no local jornalistas da AFP.
No início do dia, as autoridades municipais tinham começado a montar uma grande árvore de Natal em frente ao parlamento, que foi aproveitada pelos manifestantes para pendurarem fotografias dos que alegam ter sido espancados pela polícia, apresentando os rostos inchados e com nódoas negras.
“Não é altura para festejar”, disse Nino, 27 anos, à AFP. “Não nos podem assustar (…) não vamos parar”, acrescentou, referindo-se à dispersão pela força de manifestações em noites anteriores.
Alguns manifestantes disseram temer pela sua segurança após confrontos com a polícia e ataques a jornalistas e apoiantes da oposição por homens mascarados.
“O que eles estão a fazer é nojento. É horrível, é mau (…) mas nós estamos aqui hoje”, disse Valeria, 21 anos, uma estudante enrolada numa bandeira da Geórgia, acompanhada pelo namorado que transportava uma bandeira da União Europeia.
Esta antiga república soviética do Cáucaso está em crise política desde as eleições legislativas de 26 de outubro, ganhas pelo partido no poder, o Georgian Dream, mas denunciadas como fraudulentas pela oposição pró-ocidental.
A decisão do governo, na semana passada, de adiar para 2028 “a questão da adesão à União Europeia” desencadeou uma tempestade de fogo, provocando dez noites de manifestações pró-europeias em Tiblíssi e noutras cidades.
A maioria das manifestações foi dispersada pela polícia com canhões de água e gás lacrimogéneo, enquanto alguns lançaram fogo de artifício e pedras contra os agentes policiais.
Segundo o Ministério do Interior, 402 manifestantes foram detidos desde o início dos protestos, a maioria por “desobediência” ou “vandalismo”, mas “mais de 30″ por infrações penais, como a organização de atos de violência”.
Apesar da sua decisão de adiar, o Governo continua a insistir que quer aderir à UE até 2030 e acusa a oposição e os manifestantes de pretenderem uma revolução e de serem financiados pelo estrangeiro.
JFO // MCL
By Impala News / Lusa
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