Merz avisa que Europa tem de fazer “muito mais” pela sua defesa após desvio de Trump
O provável futuro chanceler alemão, Friedrich Merz, alertou hoje que, após o desvio do Presidente norte-americano, Donald Trump, nas últimas semanas, a Europa deve preparar-se para fazer “muito mais” pela sua própria segurança nos próximos anos.
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“Há uma enorme pressão sobre o lado europeu para agir”, afirmou o líder conservador, que venceu as eleições em 23 de fevereiro, em conferência de imprensa em Berlim, sublinhando que existe uma grande urgência em demonstrar que os 27 são “capazes de atuar de forma autónoma” em política externa e de defesa.
Referindo-se ao desentendimento entre o Presidente norte-americano e o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, na passada sexta-feira na Casa Branca, Merz cometou que “não foi uma reação espontânea” de Trump, mas “claramente uma escalada deliberada” e que normalmente aquele tipo de conferências de imprensa dura apenas alguns minutos e não quase uma hora.
Merz aderiu, portanto, implicitamente à interpretação de que Trump procurou um confronto com Zelensky perante as câmaras para justificar uma rutura com o Governo de Kiev.
“Tendo em conta as últimas semanas e meses, incluindo o comportamento da delegação dos Estados Unidos na Conferência de Segurança de Munique, vemos uma certa continuidade”, observou o líder dos conservadores da CDU, vencedores das passadas legislativas, e que busca um entendimento para formar um executivo com os sociais-democratas (SPD).
Merz sustentou que é preciso “fazer muito mais” pela segurança europeia nos próximos tempos, mas também manter os norte-americanos na Europa, algo que, advertiu, também é do interesse de Washington.
O político alemão expressou igualmente a esperança de que o seu país tenha em breve um chefe de governo eleito que possa participar na formulação da política externa europeia para a Ucrânia, na mesma medida que a França e a Grã-Bretanha estão a fazer agora.
Merz não quis entrar em detalhes sobre o progresso das negociações preliminares para formar uma coligação entre o seu bloco e os sociais-democratas do chanceler cessante, Olaf Scholz, limitando-se a dizer que na semana passada os contactos correram bem e que a consolidação orçamental é uma das questões prioritárias.
O líder conservador admitiu ainda que está a ser estudada a possibilidade de aprovar um orçamento extraordinário para as forças armadas “a curto prazo” numa sessão parlamentar para o efeito, antes da formação do novo Bundestag (câmara baixa).
No entanto, pediu expressamente que se fizesse uma distinção entre esta medida de curto prazo e outros investimentos de “médio e longo prazo” que estão a ser discutidos para outras áreas e que também devem ser financiados com empréstimos, embora se tenha mostrado muito mais reticente a este respeito.
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By Impala News / Lusa
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