Macron mostra interesse na abertura de uma embaixada de França em Timor-Leste
O Presidente timorense, José Ramos-Horta, encontrou-se hoje em Paris com o seu homólogo francês e, disse à Lusa, Emmanuel Macron mostrou interesse na abertura de uma Embaixada de França em Timor-Leste.
“Falei no meu interesse em ver uma Embaixada francesa em Timor-Leste, ele reagiu bem e vamos ver agora como fazer o seguimento disto. O encontro foi magnífico e caloroso”, disse José Ramos-Horta, em entrevista à agência Lusa.
Actualmente a Embaixada de França em Jacarta, capital da Indonésia, cobre Timor-Leste, mas o Presidente francês pareceu aberto a uma representação permanente do país em Díli, disse.
O encontro, no Palácio do Eliseu, durou cerca de uma hora e meia e os temas entre os dois líderes incluíram a situação em Timor-Leste, que Ramos-Horta descreveu como “tranquila”, até à situação regional, numa altura em que o país espera integrar brevemente a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).
“Fui muito bem recebido por Emmanuel Macron. Falámos sobre Timor-Leste, eu dei-lhe as notícias, um quadro positivo de Timor-Leste tranquilo […] Num quadro regional tão negro, pelo menos há um oásis de tranquilidade. Do ponto de vista regional e internacional, falámos da China, de Myanmar, eu enfatizei o problema de Myanmar e outras questões”, declarou o Presidente timorense.
Na agenda dos dois líderes esteve também presente o investimento financeiro da França em Timor-Leste, nomeadamente a nível de infraestruturas. Em 2022, foi inaugurado o porto de Tibar Bay, o porto de águas profundas gerido pelo grupo francês Bolloré, junto a Díli, e que representou um investimento de 490 milhões de dólares (perto de 450 milhões de euros).
Neste encontro, José Ramos-Horta chamou a atenção de Emmanuel Macron para as oportunidades no setor hoteleiro para as empresas francesas, com o Presidente francês a mostrar interesse em mobilizar os grandes conglomerados dedicados ao turismo.
“No setor hoteleiro, Timor-Leste tem urgência em atrair investimento para este setor. […] Precisamos de hóteis, para além do turismo, para a nossa adesão à ASEAN, já que vamos receber centenas de pessoas, e falei da importância de mobilizar os grandes conglomerados franceses de hóteis”, afirmou Ramos-Horta, acrescentando que infraestruturas como a modernização do aeroporto de Díli ou as telecomunicações foram também discutidas.
O líder timorense está em Paris para participar na atribuição do prémio “2023 Smart Peace Prize”, da organização Leaders pour La Paix, criada pelo ex-primeiro-ministro francês Jean-Pierre Raffarin.
Antes do jantar formal da atribuição deste prémio, que se realiza na quinta-feira e no qual Ramos-Horta é o convidado de honra, o Nobel da Paz confessa que, devido ao estado do Mundo, se questiona sobre o seu papel.
“Já perdi a conta das intervenções que tenho feito ao longo de anos sobre a Paz e, às vezes, tenho dito até a outros Prémio Nobel, talvez tenhamos passado a mensagem errada, porque há tanto tempo que falamos de paz e o Mundo está pior. Em Roma, falei com o Papa Francisco sobre a Paz e a minha frustração e partilhámos estas angústias, mas ele disse que temos de continuar a combater pela Paz e não há que desistir. Esta iniciativa é extremamente importante, sobretudo tendo às portas da França a Ucrânia”, concluiu José Ramos-Horta.
CYF // MLL
By Impala News / Lusa
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