Jornal Politico aponta eurodeputados comunistas portugueses entre “melhores amigos” da Rússia
Os eurodeputados comunistas Sandra Pereira e João Pimenta Lopes não aprovaram nenhuma de 16 resoluções a condenar ações da Rússia, nos últimos cinco anos, entre 30 eleitos do Parlamento Europeu identificados pelo jornal online Politico.
O Politico analisou a votação de 16 resoluções críticas da Rússia, ao longo da legislatura que está a terminar, para identificar o que chama de “melhores amigos” de Moscovo no Parlamento Europeu: os 30 eurodeputados que mais vezes recusaram votar a favor dessas resoluções.
Sandra Pereira surge em segundo lugar da lista, encabeçada pela letã Tatjana Zdanakova, que foi acusada de espionagem para a Rússia — que negou, afirmando ser “uma agente, mas uma agente da paz”. Após um inquérito, o Parlamento Europeu concluiu que a eurodeputada violou o código de conduta, multando-a em 1.750 euros.
Nas 16 votações, a eurodeputada letã esteve sempre contra, à exceção de uma resolução, em abril de 2023, sobre a repressão de opositores russos, nomeadamente Alexei Navalny e Vladimir Kara-Murza, em que se absteve.
Já a eurodeputada portuguesa rejeitou 14 iniciativas e não votou em duas delas.
O seu companheiro de bancada, João Pimenta Lopes, é o sexto da mesma lista, tendo votado contra 12 resoluções e estado ausente nas votações de quatro.
Sandra Pereira e João Pimenta Lopes são, respetivamente, os números dois e três da lista da CDU, liderada por João Oliveira, às eleições para o Parlamento Europeu, que se celebram este domingo em Portugal.
Os eleitos comunistas no Parlamento Europeu integram o grupo político da Esquerda, que contribui com nove deputados para esta lista dos próximos da Rússia.
Já a extrema-direita, representada no Parlamento Europeu pelo Identidade e Democracia (ID), tem 10 eleitos na lista, dos quais seis do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), suspenso do grupo em maio após uma série de polémicas.
Fazem parte desta lista Maximilian Krah, da AfD, que deixou de fazer campanha e renunciou à liderança do partido de extrema-direita após pressões por ter afirmado que membros do grupo paramilitar nazi SS durante a Segunda Guerra Mundial não são “automaticamente criminosos”.
O alemão não apoiou nenhum dos textos que criticavam a Rússia e outros deputados do AfD coincidiram em grande medida com os votos.
Já Marcel de Graaff, um político holandês que abandonou o grupo ID por aquilo que disse ser uma posição anti-russa e cujo assistente está envolvido numa investigação sobre propaganda russa, votou “não” em todas as votações contra Moscovo em que participou, escreve o Politico.
O jornal refere ainda a dupla de esquerda irlandesa Clare Daly e Mick Wallace, cuja reeleição não está garantida, opôs-se a uma resolução do Parlamento Europeu que apelava à criação de um tribunal para processar os dirigentes russos pelo crime de agressão contra a Ucrânia.
Uma investigação realizada em 2022 pelo Irish Times revelou que os eurodeputados têm tido uma ampla cobertura de imprensa controlada pelo Estado na Rússia, na China e noutros países, sendo em grande parte considerados apoiantes das políticas desses governos.
Estas votações também evidenciam “divisões profundas dentro dos grupos”, nomeadamente da direita radical, assinala o Politico.
No ID, os deputados da AfD abstiveram-se ou opuseram-se à maioria dos textos, enquanto os eleitos do União Nacional de Marine Le Pen (França) apoiaram apenas um quarto dos textos.
Já os deputados da Liga Italiana apoiaram em grande medida os textos anti-Rússia e o dinamarquês Anders Vistisen, que representou o ID nos debates pré-eleitorais, apenas registou abstenções e votos “Sim”.
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