Hong Kong sai da lista de economias mais livres do mundo que liderou por 25 anos

Hong Kong não figura no ‘ranking’ de 2021 das economias mais livres do mundo, publicado hoje pela Fundação Heritage, após liderar a classificação durante 25 anos, devido à perda de autonomia em relação a Pequim.

Hong Kong sai da lista de economias mais livres do mundo que liderou por 25 anos

“A perda de liberdade política e de autonomia sofrida por Hong Kong nos últimos dois anos tornou quase impossível distinguir a cidade, em vários aspetos, de outros grandes centros comerciais chineses, como Xangai e Pequim”, escreveu o fundador da Fundação, Edwin J. Feulner, no diário norte-americano Wall Street Journal, na quarta-feira.

“Os laços entre [Hong Kong] e Pequim estão a fortalecer-se, enquanto as tradições herdadas da antiga potência colonial britânica, tais como [o sistema jurídico britânico da] ‘Common Law’, liberdade de expressão e democracia, enfraqueceram consideravelmente”, acrescentou.

O anúncio é um duro golpe para a reputação de Hong Kong, após Pequim ter imposto uma lei de segurança nacional no território, no final de junho de 2020, em reação à mobilização pró-democracia sem precedentes que abalou a região semi-autónoma durante vários meses, em 2019.

A Heritage Foundation é um dos principais grupos de reflexão que influenciam os conservadores norte-americanos em matéria financeira.

A classificação é estabelecida em função da avaliação do grau em que as leis e regulamentos dos vários países são favoráveis às empresas.

Durante 25 anos, a cidade liderou a classificação, com a exceção de 2020, quando passou do primeiro para o segundo lugar, substituída no topo do ‘ranking’ pela rival Singapura.

Em 2019, quando Hong Kong liderou a classificação pelo 25.º ano consecutivo, o Governo disse que a distinção era uma prova da “sua resistência económica, quadro jurídico de alta qualidade, elevado grau de transparência governamental, quadro jurídico eficaz e abertura ao comércio global”.

A distinção era uma fonte de orgulho para o Governo da cidade, que destacou frequentemente a classificação em comunicados de imprensa e brochuras para atrair investidores.

Em junho de 2020, Pequim respondeu aos protestos pró-democracia em Hong Kong com a imposição da lei da segurança na região administrativa especial chinesa, o que levou ativistas a refugiarem-se no Reino Unido e em Taiwan.

A lei pune atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras, com penas que podem ir até à prisão perpétua.

Hong Kong regressou à soberania da China em 1997, com um acordo que garante ao território 50 anos de autonomia a nível executivo, legislativo e judicial, bem como liberdades desconhecidas no resto do país, ao abrigo do princípio “um país, dois sistemas”, também aplicado em Macau, sob administração chinesa desde 1999.

 

 

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