Hamas quer “acordo global e abrangente” e ANP pede fim ao cerco de Gaza

O movimento de resistência islâmico Hamas afirmou hoje em Gaza defender um “acordo global abrangente” com Israel, enquanto em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) apelou ao fim do cerco israelita ao enclave.

Hamas quer

Em Gaza, Bassem Naim, membro do gabinete político do movimento islamita palestiniano, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) que o Hamas quer chegar a um “acordo global e abrangente” para acabar com a guerra no enclave e rejeita as tentativas de impor um “acordo parcial” antes da visita do Presidente norte-americano, Donald Trump, ao Médio Oriente, na próxima semana.

“[O Hamas] insiste na necessidade de chegar a um acordo global e abrangente para acabar com a guerra”, disse, rejeitando “as tentativas desesperadas para impor um acordo parcial”.

Em Ramallah, o primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Mustafa, apelou à comunidade internacional para que ponha fim ao “crime humanitário deliberado” da “fome” na Faixa de Gaza, onde a população está a morrer após mais de dois meses de bloqueio total por parte de Israel.

“Esta fome não é uma catástrofe natural, é um crime humanitário deliberado, e o silêncio é cumplicidade”, declarou Mustafa, numa conferência de imprensa em Ramallah, apelando “à consciência da humanidade”.

“Não deixem que as crianças de Gaza passem fome. Não permitam que a comida e a água sejam utilizadas como armas de guerra e de controlo”, continuou, lembrando que desde 02 de março que Israel proibiu a entrada de qualquer ajuda humanitária no território palestiniano.

O Governo israelita afirma que não existe qualquer crise humanitária em Gaza e que o bloqueio se destina a forçar o Hamas a libertar os reféns ainda detidos no território palestiniano desde o ataque sem precedentes de 07 de outubro de 2023.

Há semanas que os funcionários da ONU e as organizações não-governamentais alertam para o risco de fome na Faixa de Gaza.

Publicado no final de 2024, o relatório da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC) alertava para “uma probabilidade iminente e substancial de fome” em Gaza.

O estudo, resultado do trabalho de peritos de organizações não-governamentais (ONG) e de agências especializadas da ONU, tinha estimado que cerca de 345.000 habitantes de Gaza enfrentariam a fome a um nível “catastrófico” entre novembro de 2024 e abril de 2025, ou seja, 16% da população.

Desde então, a situação tem-se deteriorado, segundo as organizações de ajuda no terreno. Espera-se um novo relatório do IPC nas próximas semanas.

A 25 de abril, o Programa Alimentar Mundial (PAM), um dos principais fornecedores de alimentos à Faixa de Gaza desde o início da guerra, anunciou que tinha esgotado todas as suas reservas.

O ataque perpetrado a 07 de outubro de 2023 pelo Hamas causou a morte de 1.218 pessoas do lado israelita, na sua maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.

A campanha de retaliação israelita causou pelo menos 52.653 mortos na Faixa de Gaza, a maioria dos quais civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados fiáveis pela ONU.

Das 251 pessoas raptadas nesse dia, 58 continuam detidas em Gaza, 34 das quais foram declaradas mortas pelo exército israelita. O Hamas mantém também os restos mortais de um soldado israelita morto durante uma guerra anterior em Gaza, em 2014.

 

JSD // JH

By Impala News / Lusa

Impala Instagram


RELACIONADOS