Guineenses acusam Marcelo Rebelo de Sousa de estar ao lado de “um golpista”
Dezenas de guineenses residentes em Portugal manifestam-se contra visita do Presidente português à Guiné-Bissau, na próxima semana, que consideram ser uma forma de Marcelo Rebelo de Sousa mostrar que está ao lado de “um golpista”.
“O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa não é bem-vindo à Guiné-Bissau” e “Portugal coaduna com a ditadura” foram algumas das mensagens que os manifestantes escreveram e mostraram em cartazes, nos jardins de Belém, frente à residência oficial do Presidente da República. A acompanhar os cartazes, gritos, cânticos e mãos pintadas de branco, como forma de mostrar que estes guineenses a viver em Portugal estão contra o que consideram um Presidente “ilegítimo” que “ganhou as eleições pela força”, numa referência a Umaro Sissoco Embaló, alvo de muitas críticas durante o protesto.
“Sou guineense, sou democrata, sou defensor dos diretos humanos, sou homem que respeita a lei. Estamos contra a visita de Marcelo porque neste momento não existe democracia na Guiné-Bissau, as pessoas vivem assustadas e sem rumo”, disse à Lusa o manifestante Nandino Djaló, apoiante do ex-candidato às eleições presidenciais Domingos Simões Pereira. Para Nandino Djaló, Marcelo Rebelo de Sousa não é bem-vindo à Guiné-Bissau neste momento, porque se trata de um país “sem democracia, onde há perseguição, golpe de Estado, espancamento, abuso de poder e lapidação dos cofres do Estado”.
Este guineense a residir em Portugal acredita que as relações entre a comunidade e Marcelo Rebelo de Sousa saem “100% prejudicadas” com esta visita que, na sua opinião, demonstra que “Marcelo tem algo contra a Guiné-Bissau e algo contra o engenheiro Domingos Simões Pereira”. Odete Martins disse à Lusa que foi surpreendida com o anúncio desta visita e considera que este “não é o momento propício”. “Quando as condições estiverem reunidas seria ótimo”, disse Odete Martins, para quem a Guiné-Bissau e Portugal estão “condenados a viver juntos”. E acrescentou: “Há impunidade total, lapidação dos cofres do estado. As pessoas estão a enriquecer à conta do povo, que está a sofrer”.
Também Glória Vaz está contra uma visita de um Presidente português numa altura em que o povo da Guiné-Bissau está a sofrer e a ser “massacrado”. “Não é o momento”, disse, considerando que, com esta visita, Marcelo Rebelo de Sousa está “a dar corda” à situação que se vive naquele país africano. “Marcelo Rebelo de Sousa é um homem de direito e muito religioso, sabe a situação que estamos a passar na Guiné-Bissau. Se vai lá é porque está de acordo com golpistas”. Alguns destes manifestantes foram depois recebidos por elementos da Presidência da República, a quem entregaram uma exposição com os argumentos contra esta visita.
No documento dirigido ainda antes da manifestação ao chefe de Estado português, a que a Lusa teve acesso, os subscritores consideram que é, “no mínimo, um contrassenso” Marcelo Rebelo de Sousa “estar a apoiar um regime” que está “a conduzir a Guiné-Bissau para uma crise económica e social sem precedentes”.
Marcelo Rebelo de Sousa inicia domingo uma visita a Cabo Verde e à Guiné-Bissau, que termina na quarta-feira, a qual foi autorizada no passado dia 06 de maio pelo parlamento, com a abstenção do PAN. Sobre a ida do chefe de Estado português à Guiné-Bissau, o presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, disse que a mesma é “muito importante” e uma retribuição da deslocação que fez em outubro a Portugal. A última visita de um Presidente português à Guiné-Bissau aconteceu em 2006, quando o antigo chefe de Estado Cavaco Silva esteve em Bissau para participar na cimeira dos chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
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