Governo de Hong Kong diz que venda de portos no Panamá merece atenção especial

A venda pelo conglomerado CK Hutchison de dois portos do Canal do Panamá a um consórcio norte-americano merece “atenção especial”, afirmou o chefe do Executivo de Hong Kong, após um comentário crítico num jornal próximo de Pequim

Governo de Hong Kong diz que venda de portos no Panamá merece atenção especial

John LeeKa-chiu disse aos jornalistas que “houve amplas discussões sobre esta questão e que ela reflete a preocupação da sociedade” chinesa. “Estas preocupações merecem uma atenção especial”, acrescentou.

No sábado, pela segunda vez em três dias, as autoridades chinesas republicaram as duras críticas de jornais à decisão da CK Hutchison de vender dois portos nas extremidades do Canal do Panamá.

No início de março, o gigante de Hong Kong chegou a um acordo de princípio para vender os portos que controla junto ao Canal do Panamá desde 1997, bem como outras instalações portuárias em todo o mundo, a um consórcio norte-americano liderado pela gestora de ativos BlackRock, que prevê pagar cerca de 19 mil milhões de dólares (17,4 mil milhões de euros).

A CK Hutchison, um dos maiores conglomerados de Hong Kong, tinha dito anteriormente que o negócio não estava ligado aos recentes desenvolvimentos políticos.

Mas John Lee instou hoje os governos estrangeiros a “proporcionar um ambiente justo e equitativo” às empresas de Hong Kong, sem mencionar explicitamente os Estados Unidos.

“Opomo-nos ao uso indevido de táticas de coerção e intimidação nas relações económicas e comerciais internacionais”, afirmou.

No sábado, a autoridade de Pequim para os assuntos de Hong Kong republicou um editorial intitulado “Os grandes empresários foram sempre patriotas excecionais”.

O artigo, originalmente publicado no jornal Ta Kung Pao de Hong Kong, visto como próximo do gabinete de ligação do Governo central na região semiautonoma, lembrou que muitos chineses se estavam a perguntar “como é que portos tão importantes podem ser entregues tão facilmente a forças americanas mal-intencionadas”.

Na quinta-feira, um outro comentário difundido pelo mesmo jornal pediu à CK Hutchison para “escolher um lado”.

Concluída sob os auspícios dos Estados Unidos em 1914, a rota marítima fundamental, que atravessa a América Central, tornou-se um dos alvos do Presidente norte-americano, Donald Trump, assim que regressou à Casa Branca em 20 de janeiro.

Por diversas vezes, Trump acusou a China de dominar as operações no canal e prometendo “tomá-lo de volta”.

O primeiro comentário publicado pelo Ta Kung Pao sublinhou essa sequência de eventos, recordando que Trump, logo após a tomada de posse, “acusou a China de controlar o Canal do Panamá, declarando em voz alta que os Estados Unidos iriam ‘recuperá-lo’ e, se necessário, não hesitariam em usar as forças armadas”.

A publicação da administração chinesa em Hong Kong lembrou ainda que a notícia do negócio foi conhecida após a visita do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, ao Panamá, e “na véspera do primeiro discurso de Trump ao Congresso”.

“Terá sido apenas uma coincidência de timing? Qual era a natureza do acordo?”, interrogou.

 

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By Impala News / Lusa

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