Exportações chinesas enfrentaram número recorde de barreiras comerciais em 2024

As exportações chinesas enfrentaram em 2024 um número recorde de barreiras comerciais, segundo dados do Ministério do Comércio chinês, à medida que o excesso de capacidade do país asiático suscita preocupações nos seus principais parceiros.

Exportações chinesas enfrentaram número recorde de barreiras comerciais em 2024

Para além da União Europeia e dos Estados Unidos, mais países em desenvolvimento iniciaram no ano passado investigações ‘antidumping’ e sobre subsídios atribuídos pelo Estado chinês aos fabricantes, que incluíram medidas preventivas, visando travar um aumento de importações que ameaçava a sobrevivência de indústrias locais.

A prática de ‘dumping’ consiste na venda a preço inferior ao custo de produção, tornando a atividade insustentável para a concorrência.

Segundo dados da China Trade Remedies Information, plataforma do Ministério do Comércio chinês, os parceiros comerciais do país asiático anunciaram um total de 160 investigações comerciais sobre produtos fabricados na China.

As estatísticas contabilizaram novas disputas comerciais iniciadas no ano passado, o que exclui a investigação de alto perfil da União Europeia sobre os veículos elétricos oriundos da China, que foi iniciada em outubro de 2023.

Vinte e oito parceiros comerciais iniciaram inquéritos sobre as importações chinesas no ano passado, contra 18 em 2023. A lista inclui mais países em desenvolvimento, como a Tailândia, o Peru e o Paquistão.

O Brasil ocupou o terceiro lugar no número de inquéritos sobre as importações chinesas, iniciando 18 processos no ano passado – um aumento de cinco vezes em comparação com 2023. Seguiram-se os Estados Unidos, com 15 processos.

Brasília está particularmente preocupada com as importações de aço, que mergulharam a indústria siderúrgica brasileira numa grave crise. A China exportou 90 milhões de toneladas de aço, no ano passado. O Brasil foi o sétimo principal destino dos embarques.

A Índia foi o país que deu início ao maior número de inquéritos sobre as importações chinesas no ano passado, representando quase um quarto dos casos. A União Europeia lançou 21 processos, em comparação com os nove processos iniciados em 2023.

A imposição pelos Estados Unidos de maiores taxas alfandegárias sobre produtos oriundos da China levou os exportadores chineses a voltarem-se para outros mercados. O regresso de Donald Trump ao poder faz prever um agravamento das fricções comerciais.

As preocupações com excesso de capacidade foram assinaladas também pela liderança da China em dezembro de 2023. Pequim definiu o “excesso de capacidade em algumas indústrias” como um dos principais desafios económicos em 2024 – uma previsão que se revelou presciente à luz do aumento das investigações comerciais contra a China.

 

JPI // SB

By Impala News / Lusa

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