Exército israelita estende ofensiva terrestre ao sul de Gaza

O Exército israelita anunciou hoje estar a estender a sua ofensiva terrestre ao sul da Faixa de Gaza, à área de Rafah, após disparos de ‘rockets’ pelo movimento islamita palestiniano Hamas sobre Telavive.

Exército israelita estende ofensiva terrestre ao sul de Gaza

O Hamas disparou vários ‘rockets’ em retaliação ao crescente número de civis palestinianos mortos e feridos nas últimas 72 horas, desde a retomada das operações militares israelitas.

“Nas últimas horas, as tropas realizaram operações terrestres na zona de Shabura, em Rafah”, declarou o Exército em comunicado, acrescentando que as suas operações prosseguem igualmente “no norte e no centro do território palestiniano”.

Após dois meses de uma trégua frágil, as tropas do Governo do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, iniciaram na quarta-feira uma ofensiva terrestre em vários pontos próximos da fronteira com a Faixa de Gaza, depois de terem rompido o cessar-fogo na madrugada de terça-feira, com uma série de bombardeamentos, com o objetivo de pressionar o movimento islamita a libertar os últimos reféns sequestrados durante o ataque de 07 de outubro de 2023 a Israel.

O balanço desde o recomeço das hostilidades é de pelo menos 591 palestinianos mortos e 1.042 feridos, segundo o Governo de Gaza, liderado pelo Hamas.

Algumas horas antes, o braço armado do Hamas afirmou ter visado Telavive, a grande cidade do centro de Israel, com ‘rockets’, em resposta aos “massacres de civis” segundo o movimento cometidos por Israel em Gaza.

A Força Aérea israelita indicou ter intercetado um projétil e acrescentou que outros dois caíram em áreas desabitadas.

Ao fim da tarde, as sirenes de alerta antiaéreo soaram em Jerusalém. O Exército indicou que tinham sido desencadeadas por “um projétil disparado do Iémen”, país em grande parte controlado pelos rebeldes Huthis, aliados do Hamas.

Após semanas de impasse, Israel efetuou na terça-feira os ataques mais mortíferos na Faixa de Gaza desde o início da trégua com o Hamas, a 19 de janeiro.

O diretor da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos no Médio Oriente (UNRWA), Philippe Lazzarini, lamentou hoje “um desencadear sem fim das mais desumanas provações” para a população, cercada e atingida por uma grave crise humanitária.

“Estamos sitiados, confrontados com a morte e o sofrimento. Estamos exaustos. Todos os dias nos deslocamos de um sítio para outro, de uma tenda para outra, de uma casa para outra”, declarou Maysaa Abu Nasr, uma mulher cuja casa de família foi destruída por bombardeamentos em Beit Lahia, no norte de Gaza, citada pela agência de notícias francesa, AFP.

“Queremos um cessar-fogo! Somos um povo palestiniano indefeso”, disse Mohammed Hussein, um homem que veio visitar os restos mortais dos seus familiares, mortos no Hospital Indonésio, no norte do território.

Netanyahu, que hoje recebeu “total apoio” do Presidente norte-americano, Donald Trump, avisou que estes ataques são “apenas o começo” e que a pressão militar é “essencial” para garantir a libertação dos reféns ainda nas mãos do Hamas.

Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque de dimensões sem precedentes do Hamas a Israel, 58 continuam detidas em Gaza, 35 das quais foram entretanto declaradas mortas pelo Exército israelita.

Hoje de manhã, o Exército proibiu toda a circulação na estrada Salaheddin, o principal eixo rodoviário que liga o norte ao sul da Faixa de Gaza.

Para fugir do norte do território, centenas de palestinianos tomaram então a estrada Al-Rashid, que corre ao longo da costa, em direção ao sul, alguns a pé, outros em carroças, transportando alguns pertences.

O porta-voz do Governo israelita, David Mencer, afirmou hoje que o Exército “controla agora o centro e o sul de Gaza” e está a criar uma zona tampão “entre o norte e o sul”.

Segundo um responsável do Ministério do Interior do Governo do Hamas, o Exército israelita fechou na quarta-feira o cruzamento dos Mártires, que os israelitas designam como cruzamento de Netzarim, a principal via de ligação entre a cidade de Gaza e o sul do território, situada na estrada de Salaheddin, e destacou tanques para o local.

O Exército anunciou também ter matado o chefe da segurança interna do Hamas em Gaza, num ataque realizado nos últimos dias.

A primeira fase da trégua, que terminou a 01 de março, permitiu o regresso a Israel de 33 reféns, entre os quais oito mortos, e a libertação de cerca de 1.800 prisioneiros palestinianos encarcerados em prisões de Israel.

Desde então, as negociações realizadas por intermédio do Qatar, dos Estados Unidos e do Egito estagnaram.

O Hamas quer passar à segunda fase do acordo, que prevê um cessar-fogo permanente, a retirada israelita da Faixa de Gaza, a reabertura dos postos de passagem para deixar entrar a ajuda humanitária no território e a libertação dos últimos reféns.

Israel, por seu lado, quer que a primeira fase seja prolongada até meados de abril e exige, para passar à segunda fase, a “desmilitarização” de Gaza e a saída do Hamas, que governa o território desde 2007.

Como meios de pressão, Israel já bloqueou a entrada de ajuda humanitária e cortou a eletricidade no território, onde vivem amontoados cerca de 2,4 milhões de palestinianos, não excluindo o recomeço da guerra, se o Hamas não ceder.

O ataque de 07 de outubro de 2023 do Hamas a Israel fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, além dos 251 sequestrados.

Em retaliação, Israel lançou na Faixa de Gaza uma guerra para “erradicar” o movimento islamita palestiniano que fez pelo menos 49.617 mortos, na maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados fidedignos pela ONU.

ANC // RBF

By Impala News / Lusa

Impala Instagram


RELACIONADOS