Ex-PM timorense afirma que Greater Sunrise é causa nacional, mas não vai resolver desafios
O antigo primeiro-ministro timorense Taur Matan Ruak afirmou, em entrevista à Lusa, que o projeto de gás Greater Sunrise é uma “causa nacional”, mas não se pode ter a “ilusão” de que vai resolver os grandes desafios do país.
“É uma causa, naturalmente, mas vamos ver quais são os resultados do estudo. O desejo existe, todos queremos que venha para Timor. Mas pensar que vindo para Timor já resolve todos os problemas seria ilusão. Também beneficiamos da produção do Bayu-Udun e ainda estamos a braços com os nossos grandes desafios”, disse Taur Matan Ruak.
Localizado no Mar de Timor, a cerca de 250 quilómetros a sul de Timor-Leste, o Bayu-Udun é um campo de condensado de gás, que, segundo o Governo timorense, deve terminar a produção este ano.
Quando as operações terminarem, o Governo timorense pretende estabelecer uma parceria comercial estratégica para voltar a desenvolver o campo, mas para captura e armazenamento de carbono.
O Greater Sunrise, localizado a 140 quilómetros a sul de Timor-Leste e a 450 quilómetros de Darwin, foi descoberto em 1974 e possui recursos de 5,1 trilhões de pés cúbicos de gás e 226 milhões de barris de condensado, segundo dados da Timor Gap, empresa estatal petrolífera.
Contudo, o seu desenvolvimento tem estado envolto num impasse, com Díli a defender a construção de um gasoduto para o sul do país e a Woodside, segunda maior parceira do consórcio, a inclinar-se para uma ligação à unidade já existente em Darwin, na Austrália.
O consórcio é constituído pela timorense Timor Gap (56,56%), a operadora Woodside Energy (33,44%) e a Osaca Gás Australia (10,00%).
O acordo de fronteira marítima permanente entre Timor-Leste e a Austrália determina que o Greater Sunrise é um recurso partilhado entre os dois países e terá de ser dividido, com 70% das receitas para Timor-Leste no caso de um gasoduto para o país, ou 80% se o processamento for em Darwin.
Para tentar ultrapassar o impasse, o consórcio de exploração determinou a realização de um estudo sobre o desenvolvimento daquele campo de gás, que já foi concluído, mas cujo resultado ainda não foi divulgado.
“Não sei quais são as recomendações do estudo. Estão a dizer que há possibilidade de vir para Timor. O importante é realmente sabermos exatamente o que queremos e prepararmo-nos para isso. A inconsistência cria muita segurança”, salientou Taur Matan Ruak, referindo-se às recentes alterações no projeto Tasi Mane.
O projeto Tasi Mane prevê a construção de três polos industriais na costa sul de Timor-Leste para a indústria petrolífera.
Inicialmente, o projeto inclui a construção da base de apoio e dos parques industriais no Suai, as indústrias de refinaria e petroquímica em Betano e uma unidade de gás natural liquefeito em Beaço, que acabou por mudar para Natarbora.
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Lusa/Fim
By Impala News / Lusa
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