Ex-comandante do Exército confirma sondagem de Bolsonaro sobre golpe de Estado
Um ex-comandante do Exército brasileiro confirmou perante o Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente Jair Bolsonaro levantou a possibilidade de impedir a posse do atual Presidente após as eleições de 2022.

A sondagem feita por Bolsonaro foi confirmada na segunda-feira pelo ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, uma das primeiras testemunhas do processo de tentativa de golpe de Estado contra o ex-presidente, ouvido pelo STF. Segundo Freire Gomes, a provável intervenção, que incluía até mesmo a declaração de estado de sítio, foi levantada por Bolsonaro aos chefes militares em dezembro de 2022.
No entanto, Freire Gomes esclareceu que Bolsonaro foi avisado de que “não teria o apoio” das Forças Armadas e que, se o fizesse, “poderia ser enquadrado juridicamente”. O ex-chefe militar, agora na reserva, foi interrogado pelo juiz Alexandre de Moraes, relator do processo iniciado pela Procuradoria-Geral da República do Brasil. De acordo com a acusação, a conspiração começou depois de Bolsonaro ter perdido as eleições de outubro de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva.
A conspiração terá levado aos incidentes de 08 de janeiro de 2023, uma semana após a tomada de posse de Lula da Silva, quando milhares de pessoas vandalizaram as sedes do STF, do Congresso e da Presidência da República na tentativa de iniciar uma intervenção militar para derrubar o novo Governo. Outra das testemunhas ouvidas na segunda-feira foi o empresário Éder Balbino, um especialista em informática contratado pelo Partido Liberal (PL), que Bolsonaro lidera, com o objetivo de verificar a existência de alegadas fraudes nas eleições, para as quais o líder de extrema-direita vinha alertando desde antes da votação. “Não encontrámos nenhuma suspeita de fraude”, disse Balbino, cuja empresa auditou as urnas eletrónicas utilizadas no processo.
O empresário acrescentou ainda que, apesar dos resultados do seu relatório, o PL apresentou uma queixa por alegadas irregularidades, que foi rejeitada pelas autoridades eleitorais, precisamente devido à “ausência de provas”. Bolsonaro acompanhou os interrogatórios por videoconferência, assim como outros dos sete que compõem o chamado ‘núcleo 1’ da conspiração golpista, que serão julgados nesta primeira fase do processo, que até agora tem um total de 21 réus.
Entre os demais réus a serem julgados nesta fase estão o ex-comandante da Marinha Almir Gabriel, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-ministro da Segurança Institucional Augusto Heleno Ribeiro, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o ex-ministro da Presidência Walter Braga Neto. O grupo inclui ainda o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência e atual deputado Alexandre Ramagem.
No total, acusação e defesa convocaram um total de 82 testemunhas, que serão ouvidas em diversas audiências previstas para serem concluídas em 02 de junho. No final desta fase, o julgamento prosseguirá com o interrogatório dos oito arguidos, sendo que a acusação e a defesa apresentarão os respetivos argumentos e o processo estará pronto para a sentença.
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