Estado angolano espera ter dívida com a China saneada em 2028
O diretor-geral da Unidade de Gestão da Divida angolana disse hoje que a divida com a China, principal credor de Angola, tem estado numa trajetória descendente e poderá estar totalmente saneada em 2028.
Dorivaldo Teixeira, que apresentava hoje em Luanda o Plano Anual de Endividamento do Estado angolano para 2025, fez um balanço histórico da dívida pública, lembrando que o principal credor é a China representando (com a dívida colateralizada ao petróleo e não colateralizada ao petróleo), cerca de 14,15 mil milhões de dólares (13,45 mil milhões de euros).
Sobre a dívida interna, adiantou que tem aproximadamente a mesma dimensão, de 14 mil milhões de dólares (13 mil milhões de euros), sendo o Reino Unido um dos principais credores.
Relativamente à dívida com a China que chegou a atingir mais de 20 mil milhões de dólares (19 mil milhões de euros) considerou que atualmente “está mais gerível” sendo a dívida colateralizada ao petróleo a que causa mais preocupação.
No âmbito desta divida Angola fornece à China carregamento de petróleo que são monetizados a preços do mercado, sendo os recursos provenientes desse financiamento direcionados quer para o serviço de dívida quer para a atividade financeira do Estado.
“Em março de 2024, nós conseguimos entrar em acordo com um dos maiores credores que nos permitiu alterar ligeiramente a mecânica de funcionamento desse acordo, permitindo que Angola passasse a libertar recursos extraordinários das suas contas ‘escrow'” (conta que funciona como garantia ou caução em transações comerciais), recordou.
“Ou seja, são recursos extras que vão entrar e permitindo alavancar também a nossa atividade”, salientou o diretor-geral da Unidade de Gestão da Divida (UGD) angolana.
Dorivaldo Teixeira destacou a trajetória descendente do ‘stock’ da dívida com a China que, em 2017, chegou ao nível de cerca de 23 mil milhões de dólares (21,8 mil milhões de euros) e tem vindo a reduzir.
“Se nós continuarmos a conseguir servir essa dívida com a dimensão que temos estado a servir, provavelmente, em 2028, poderemos vir a ter essa dívida totalmente saneada”, sublinhou.
A nível do serviço de dívida, em 2022, logo depois do processo de suspensão da dívida, este saiu do limiar dos 14 mil milhões de dólares para os 16 mil milhões de dólares (15,2 mil milhões de euros), situação que, justificou, “fez com que Angola durante estes três anos tivesse muita pressão por meio do serviço de dívida”.
Também o ‘stock’ da dívida teve uma melhoria significativa passando de um limiar de 72 mil milhões de dólares (68,4 mil milhões de euros) para cerca de 60 mil milhões de dólares (57 mil milhões de euros), adiantou, explicando que uma parte teve a ver com redução da dívida interna e externa e outra com as variações cambiais, havendo mais dívida não indexada ao câmbio.
“Podem estar a ser criadas as condições para que, no médio prazo, com a estabilização das condições macroeconómicas, os títulos internos possam, efetivamente, ir servindo de referência para o financiamento da economia”, ou seja criar condições para nos financiarmos mais em kwanzas, referiu o responsável da UGD.
Para a tesouraria, o objetivo é ir ao mercado internacional e poder fazer uma emissão na dimensão de 1,5 mil milhões de dólares.
“E contamos também para apoio à tesouraria com o financiamento do Banco Mundial, de cerca de 500 milhões de dólares, do Banco Africano de Desenvolvimento, de cerca de 164 milhões de dólares, e o remanescente com financiamentos comerciais”, acrescentou Dorivaldo Teixeira.
RCR // ANP
By Impala News / Lusa
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