Egito acusa Telavive de dificultar entrada de ajuda humanitária em Gaza

O Presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, acusou hoje Israel de dificultar a entrada de ajuda humanitária através da passagem de Rafah na Faixa de Gaza e isentou o seu país de responsabilidades por falhas nas entregas.

Egito acusa Telavive de dificultar entrada de ajuda humanitária em Gaza

“A passagem de Rafah está aberta 24 horas por dia, sete dias por semana, 30 dias em cada mês”, sublinhou o Presidente egípcio, que culpa as autoridades israelitas por dificultarem a entrada de ajuda.

“Esta é uma forma de pressão que o lado israelita está a exercer sobre a Faixa de Gaza para conseguir a libertação dos reféns”, criticou Al-Sisi durante o seu discurso na cerimónia de aniversário da Polícia, segundo o jornal egípcio Youm7.

A mediação do conflito em curso entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, processo que conta com o Egito e o Qatar como principais impulsionadores, anunciou na semana passada um acordo para o envio de medicamentos e outro tipo de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, nomeadamente para as zonas mais afetadas e vulneráveis, em troca de remédios para os reféns israelitas ainda na posse do movimento palestiniano.

A diplomacia do Qatar indicou que o acordo foi alcançado em cooperação com a França.

Anteriormente, no âmbito da mediação do Qatar, Egito e Estados Unidos, foi alcançada uma trégua entre 24 e 30 de novembro, que incluiu a libertação de 105 reféns detidos pelo Hamas em troca de 240 prisioneiros palestinianos e a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

Israel intensificou desde segunda-feira a sua ofensiva em zonas de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, onde as suas tropas terrestres quase não tiveram presença, segundo a imprensa local, e onde tenta atacar e enfraquecer as milícias palestinianas.

O cerco de Khan Yunis volta a marcar a guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, num cenário de frio e de falta de comida, água potável, recursos básicos ou de eletricidade devido à falta de combustível, entre a devastação generalizada de infraestruturas.

Por outro lado, segundo fontes de segurança egípcias na segunda-feira, o Hamas rejeitou a proposta de trégua de Israel, que, de acordo com o jornal digital israelita Walla, oferecia uma pausa de dois meses na ofensiva pela libertação dos reféns e em troca de prisioneiros palestinianos.

De acordo com um alto dirigente do Egito, o Hamas recusa-se a libertar mais reféns até que a guerra termine completamente e as forças israelitas sejam completamente retiradas do enclave palestiniano.

O mais recente conflito entre Israel e o Hamas foi desencadeado pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita, matando cerca de 1.140 pessoas, na maioria civis, e levando mais de 200 reféns, segundo números oficiais de Telavive.

Em retaliação, Israel, que prometeu eliminar o movimento islamita palestiniano considerado terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, onde, segundo as autoridades locais tuteladas pelo Hamas, já foram mortas mais de 25.000 pessoas — na maioria mulheres, crianças e adolescentes.

O conflito provocou também cerca de 1,9 milhões de deslocados (cerca de 85% da população), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.

HB // SCA

By Impala News / Lusa

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