Covid-19: Governo não tem bloqueios ideológicos no recurso à saúde privada
O Governo não tem “bloqueios ideológicos” na opção de recorrer aos setores privado e social da saúde, disse o primeiro-ministro, adiantando que em Lisboa o grupo CUF já disponibilizou camas.
O primeiro-ministro afirmou hoje que o Governo não tem “bloqueios ideológicos” na opção de recorrer aos setores privado e social da saúde, adiantando que em Lisboa o grupo CUF já disponibilizou camas, mas “outros dois” ainda não.
António Costa fez estas afirmações em entrevista à TVI, depois de interrogado se o Governo pondera proceder à requisição civil de meios privados da saúde para fazer face à covid-19 – uma questão que classificou como reveladora do “excesso de debates artificiais” existente no país.
“Ainda hoje, durante toda a tarde, o Ministério da Saúde esteve reunido com os três grandes grupos privados da cidade de Lisboa – isto, porque no Norte e no Centro a questão está resolvida e os acordos têm funcionado muito bem. Em Lisboa, dos grupos privados, houve um, que foi o grupo CUF, que disponibilizou de imediato 20 camas, mais 20 para a semana e mais 20 na outra a seguir”, disse.
Os outros dois grupos privados, “infelizmente”, de acordo com António Costa, “não estão em condições para disponibilizar ainda camas”.
“Portanto, não vale a pena estarmos aqui neste jogo. Há uma coisa que é preciso ter clara: não há aqui nem bloqueios ideológicos nem má vontade de uns nem má vontade de outros”, frisou.
Além da questão relativa ao número de camas, o líder do executivo foi interrogado se poderá haver requisição civil de profissionais do privado que fazem falta ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Legalmente, é. Mas, como diz o decreto do senhor Presidente da República, o Estado deve procurar chegar a acordo com o setor social e com o setor privado para satisfazer essas necessidades. É assim que temos feito. Até agora, não necessitámos de chegar à figura da requisição. Não chegámos até agora a um momento de necessidade da requisição para resolver os problemas”, salientou.
Perante a insistência no tema da requisição civil de privados, o primeiro-ministro insistiu que a linha do Governo é “ir ao limite do que é possível sem imposição, sempre por negociação, mas não deixar de impor sempre que a negociação não for suficiente”.
“É com este equilíbrio, com este bom senso, que nós temos atravessado esta crise que vai fazer quase um ano. Já houve vários momentos – recordo – em que estivemos à beira da rutura. E temos vindo a conseguir aumentar a capacidade instalada”, apontou.
A meta, segundo António Costa, é Portugal chegar a março deste ano atingindo a média europeia.
“Temos hoje cerca de metade desse percurso praticamente percorrido e vamos chegar a março com esse objetivo” prometeu.
Em relação à vacinação, o primeiro-ministro defendeu que o processo “tem estado a decorrer com grande tranquilidade e normalidade”.
Confrontado com a tese de que é necessário acelerar o processo de vacinação, o líder do executivo deixou a seguinte pergunta: “Acelerar o processo como, se não há mais vacinas?”
“Todas as vacinas que chegam têm vindo a ser imediatamente distribuídas e imediatamente aplicadas. Não temos vacinas por aplicar. As vacinas que estão por aplicar são as que nós temos de manter de reserva para a segunda dose”, justificou.
Já sobre as críticas ao facto de os mais altos responsáveis do Estado Português ainda não estarem vacinados, o primeiro-ministro remeteu a definição das prioridades para a comissão técnica.
“A comissão técnica definiu uma primeira fase, uma segunda e uma terceira fase. Provavelmente, dentro da primeira fase, quando chegarmos ao grupo dos serviços essenciais, porventura essa questão se colocará. Mas nessa altura a comissão definirá o que entende que devem ser considerados os serviços essenciais”, acrescentou.
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