Conversações em curso para nova trégua provisória na Faixa de Gaza

O líder do grupo islamita Hamas, Ismail Haniya, iniciou hoje no Egito conversações sobre uma nova trégua provisória na guerra com Israel, que coincidem com contactos destinados à libertação de reféns e mais ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

Conversações em curso para nova trégua provisória na Faixa de Gaza

Na Faixa de Gaza cercada, os devastadores e mortíferos bombardeamentos aéreos israelitas não cessaram, para além dos combates entre soldados israelitas e combatentes palestinianos, e quando metade da população civil se confronta com fome extrema ou severa, segundo a ONU.

As negociações e pressões internacionais para obter uma segunda trégua intensificaram-se, e quando prosseguem os bombardeamentos e as operações terrestres israelitas.

A pausa de uma semana no final de novembro, negociada pelo Egito, Qatar e Estados Unidos, permitiu a libertação de 105 reféns e de 240 palestinianos detidos nas prisões israelitas, e um reforço da escassa ajuda humanitária à Faixa de Gaza, submetida desde 09 de outubro a um cerco total israelita.

Ismail Haniya, sediado no Qatar, chegou hoje ao Egito, informou o movimento islamita palestiniano no poder em Gaza desde 2007 e considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia e Israel.

As discussões no Cairo vão abordar numa “trégua provisória de uma semana em troca da libertação pelo Hamas de 40 prisioneiros israelitas, mulheres, crianças e homens”, disse à agência noticiosa AFP fonte próxima do Hamas.

A mesma fonte precisou que apenas serão libertados civis e não militares feitos reféns, acrescentando que a trégua será “suscetível de ser renovada”.

No entanto, um responsável do Hamas em Gaza que se pronunciou sob anonimato afirmou à AFP que “um cessar-fogo total e a retirada do Exército de ocupação israelita de Gaza são condição prévia a qualquer negociação sobre uma troca” de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos.

Antes da sua partida, Haniya reuniu-se em Doha com o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir Abdollahian, um país aliado do Hamas e inimigo de Israel.

Segundo fonte da Jihad Islâmica, que combate ao lado do Hamas, o seu chefe, Ziyad al-Nakhala, também se deslocará ao Cairo no início da próxima semana.

Na terça-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, indicou no decurso de um encontro com familiares dos reféns ter enviado recentemente “e por duas vezes à Europa o chefe do Mossad [serviços secretos israelitas] para promover um processo de libertação”.

Ainda hoje, fonte próxima das conversações afirmou à AFP que “prosseguem as discussões” após “um encontro construtivo que decorreu esta semana em Varsóvia entre o diretor do Mossad [David] Barnea, o primeiro-ministro do Qatar [Mohammed ben Abdelrahmane Al-Thani] e o diretor da CIA [William] Burns”.

“O objetivo era chegar a um acordo sobre a libertação dos reféns (…) em troca de uma trégua e a libertação eventual de [prisioneiros] palestinianos”, acrescentou.

Em paralelo, prosseguem hoje as discussões no Conselho de Segurança da ONU, que desde segunda-feira tenta adotar uma resolução que permita acelerar o envio de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza.

A votação já foi adiada por duas vezes, e os Estados-membros procuram uma fórmula para evitar um novo veto dos Estados Unidos, o principal aliado de Israel. O texto, que solicitava inicialmente um “fim urgente e duradouro das hostilidades” em Gaza, sugere agora uma “suspensão” dos combates.

No terreno, os ataques israelitas prosseguem, com consequências devastadoras para a população civil da Faixa de Gaza. Segundo a ONU, que se tem referido a uma “situação catastrófica”, a maioria dos hospitais estão fora de serviço e 85% da população, cerca de 1,9 milhões de habitantes, está deslocada após abandonar os seus bairros, destruídos na sua quase totalidade.

Segundo um relatório do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) hoje divulgado, metade da população da Faixa de Gaza sofre de forme extrema ou severa, e 90% está regularmente privada de alimentação durante todo o dia.

Apesar da entrada de ajuda humanitária, com uma primeira coluna proveniente hoje da Jordânia, os abastecimentos estão longe de responder às necessidades.

“Sem água potável, alimentos e instalações sanitárias que apenas um cessar-fogo humanitário pode garantir, a morte de crianças devido a doenças poderá ultrapassar as que foram mortas nos bombardeamentos”, advertiu a Unicef.

A recente guerra entre Israel e o Hamas foi desencadeada após um ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita em 07 de outubro.

No total, 1.140 pessoas, na maioria civis, foram mortas nesse dia, segundo uma contagem da agência noticiosa AFP a partir dos últimos números oficiais israelitas.

Em represália, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita, bombardeia desde 07 de outubro a Faixa de Gaza, onde segundo o governo local do Hamas já foram mortas cerca de 19.670 pessoas, na maioria civis.

As autoridades judaicas indicaram hoje que o seu Exército perdeu 134 homens desde o início da ofensiva terrestre na Faixa de Gaza, em 27 de outubro.

PCR // JH

By Impala News / Lusa

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