Conservadores de Boris Johnson perdem legislativas parciais no Reino Unido
A reputação do primeiro-ministro britânico Boris Johnson tem vindo a ser atingida por sucessivos escândalos durante o mandato.
Os Conservadores sofreram uma derrota nas duas eleições legislativas parciais de quinta-feira, no Reino Unido, num teste à popularidade de Boris Johnson junto dos eleitores, após o escândalo ‘partygate’ e em plena crise económica. O partido do primeiro-ministro perdeu o círculo eleitoral de Tiverton e Honiton para os liberais democratas e o de Wakefield para o principal grupo da oposição, o Partido Trabalhista. Em Wakefield, no norte de Inglaterra, estava em jogo o que era tradicionalmente um bastião trabalhista, mas que foi conquistado pelos conservadores em dezembro de 2019, contribuindo para a maioria absoluta dos ‘tories’.
Boris Johnson garante que “nada nem ninguém” o vai parar
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse hoje que “nada nem ninguém” o vai derrubar, apesar das acusações da oposição de que está fragilizado após 41% do grupo parlamentar Conservador ter retirado a confiança ao líder (… continue a ler aqui)
A eleição foi desencadeada pela demissão do deputado Imran Khan, que foi condenado a 18 meses de prisão por assédio sexual de um rapaz de 15 anos. O círculo eleitoral foi continuamente mantido pelos Trabalhistas entre 1932 e 2019, mas o forte apoio local ao Brexit beneficiou os Conservadores.
Em Tiverton e Honiton, uma circunscrição eleitoral no sudoeste de Inglaterra que pertencia aos ‘tories’ desde que foi criada, em 1997, os eleitores votaram para escolher o sucessor de Neil Parish. O deputado de 65 anos demitiu-se após ter admitido ver pornografia no telemóvel enquanto estava no parlamento. O antigo agricultor de profissão alegou ter entrado numa página para adultos por engano enquanto procurava tratores e que depois, num “momento de loucura”, voltou ao mesmo ‘site’.
Num sinal do mal-estar dentro do partido, a candidata em Tiverton e Honiton, Helen Hurford, recusou-se por duas vezes a comentar a honestidade de Boris Johnson, numa entrevista ao diário The Guardian. O primeiro-ministro “pensa que é honesto”, respondeu.
Considerado uma máquina vencedora de eleições após o triunfo nas legislativas, há dois anos e meio, sob a promessa de concretizar o Brexit, a reputação de Johnson tem vindo a ser atingida por sucessivos escândalos durante o mandato.
Ansioso por se afirmar no palco internacional, Johnson cancelou na semana passada a presença num encontro de Conservadores no norte de Inglaterra para visitar Kiev pela segunda vez e, ao lado do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reiterar o apoio do Reino Unido face à invasão russa.
No plano interno, o contexto não é favorável para o Governo, com a inflação a 9,1%, o mais alto nível em 40 anos, algo que está a aumentar a agitação social, com greves em curso nos transportes ferroviários e outras previstas na educação e saúde.
Com a imagem desgastada pelo escândalo das festas na residência oficial de Downing Street durante o confinamento imposto devido à pandemia, o Executivo envolveu-se novamente em controvérsia recentemente, devido ao fracasso da tentativa de deportação de migrantes ilegais para o Ruanda. Entretanto, surgiu uma nova polémica, que a imprensa apelidou de “Carriegate”, sobre alegadas tentativas repetidas de Boris Johnson para obter empregos remunerados para a mulher, Carrie.
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