Conselho das Finanças Públicas não exclui cenário de recessão

A presidente do Conselho das Finanças Públicas, Nazaré da Costa Cabral, não afastou hoje o cenário de uma recessão, apesar da estimativa da instituição de um crescimento do PIB de 1,2% no próximo ano.

Conselho das Finanças Públicas não exclui cenário de recessão

“Não é de excluir uma recessão. O cenário que temos é um cenário prudente face à informação que dispomos”, disse a responsável da instituição durante a conferência de imprensa de apresentação do relatório de atualização das perspetivas económicas e orçamentais 2022-2026, divulgado hoje. Quando questionado sobre algumas previsões internacionais admitirem uma recessão em alguns países da zona euro em cenários mais pessimistas, nomeadamente o Bundesbank prever uma recessão na Alemanha no inverno, a presidente do CFP disse que “a realidade é muito dinâmica”.

Neste sentido, admitiu que “a situação pode deteriorar-se”. “Não o escondemos em momento algum neste exercício”, afirmou. O CFP melhorou as perspetivas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano para 6,7%, mas cortou as do próximo ano, prevendo agora uma forte desaceleração para 1,2%.

Contudo, a instituição alerta que o cenário macroeconómico que traça é marcado pela “elevada incerteza”, com, diz, “os riscos a serem predominantemente de natureza externa, e a penderem de forma descendente para o crescimento da atividade económica e de forma ascendente quanto à inflação”.

Entre os riscos aponta o agravamento do conflito na Ucrânia, que “poderá levar a uma eventual interrupção do fornecimento de bens energéticos da Rússia à Europa”, bem como o eventual agravamento das pressões inflacionistas, que podem levar à “manutenção ou reforço das medidas covid-zero na China, que prolonguem os constrangimentos nas cadeias de produção e distribuição globais” e “a inflação (incluindo bens energéticos e alimentares) transmitir-se à inflação subjacente”.

“Neste último caso, o aumento das expectativas de inflação no médio prazo poderá ter como consequência uma normalização mais rápida da política monetária e consequente agravamento das condições de financiamento da economia – com consequências mais significativas para Portugal devido ao elevado endividamento das famílias e empresas”, adverte.

Identifica ainda como riscos o arrefecimento da procura global por turismo internacional, assim como atrasos na sua execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) poderão levar a “uma Formação Bruta de Capital Fixo substancialmente inferior à projetada”. “Por outro lado, o atraso na sua execução e o aumento nos preços do investimento poderão levar a um impacto negativo em termos reais – para o montante de investimento já planeado em termos nominais não ser possível realizar o investimento planeado em volume”, conclui.

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