Chega conseguiu “desviar atenções de problemas internos” com moção de censura
O ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, afirmou hoje que, com a apresentação da moção de censura ao Governo, o presidente do Chega, André Ventura, “conseguiu o objetivo” de “desviar as atenções de problemas internos”.
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“Para nós foi claro desde o primeiro minuto que esta moção de censura para além de ser absolutamente anedótica é uma manobra de diversão para o Chega desviar as atenções de problemas internos que estava a sentir, designadamente de um conjunto de casos que são conhecidos”, afirmou Pedro Duarte à margem da apresentação do Anuário Lusa 2024.
Questionado sobre a possibilidade de o presidente do Chega retirar a moção de censura se o primeiro-ministro der esclarecimentos sobre a empresa familiar, o ministro afirmou que isso demonstra que Ventura “esteja a concluir que já conseguiu os seus objetivos”.
“A verdade é que o país nos últimos dias já não está a falar dos casos do Chega e, portanto, ele [André Ventura] conseguiu o seu objetivo”, referiu.
O ministro afirmou ainda que o primeiro-ministro tem “noção absoluta” do dever e da “vontade de esclarecer o país”.
“Naturalmente vai estar no parlamento amanhã [sexta-feira] para prestar todos os esclarecimentos, do ponto de vista moral e ético, de quem sabe que o que fez é absolutamente irrepreensível”, assinalou, acrescentando ainda que “estas manobras de diversão de alguns partidos da oposição” não fazem o país “andar para a frente”.
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, na véspera do debate da moção de censura que o Chega apresentou, André Ventura voltou a admitir retirar o documento, caso o primeiro-ministro dê explicações.
“Gostava de apelar a que até às 15:00 de amanhã [sexta-feira], data de início do debate desta moção de censura, o primeiro-ministro fizesse chegar a esta casa todos os documentos relativos a esta sociedade”, afirmou.
O Correio da Manhã noticiou no sábado que a empresa Spinumviva da família de Luís Montenegro “poderá beneficiar com a alteração à lei dos solos aprovada pelo Governo” e que, sendo o primeiro-ministro “casado em comunhão de adquiridos com a principal sócia da firma”, isso o deixará “numa situação de potencial conflito de interesses”.
Em resposta ao jornal, o primeiro-ministro defendeu que não existe qualquer conflito de interesses, afirmou que desde 30 de junho de 2022 não é sócio dessa empresa, de que foi fundador e gerente, e que “nunca foi, não é e não será objeto da atividade da empresa qualquer negócio imobiliário ligado à alteração legislativa” da lei dos solos.
No domingo, o presidente do Chega, André Ventura, ameaçou apresentar uma moção de censura ao Governo PSD/CDS-PP, se o primeiro-ministro, Luís Montenegro, não desse explicações ao país sobre este assunto, o que ainda não aconteceu, e a moção entretanto foi entregue, e será debatida e votada na sexta-feira.
SPC (IEL/JF/PMF/VCP) // RBF
By Impala News / Lusa
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