Cabo Verde acredita na solidez da cooperação com Portugal apesar da instabilidade política
O ministro da Promoção de Investimentos e Fomento Empresarial de Cabo Verde, Eurico Monteiro, mostrou hoje confiança na continuidade da cooperação com Portugal, mesmo perante a instabilidade política que o país atravessa.

“A nossa cooperação assenta num quadro de regime e não num quadro conjuntural”, disse Monteiro, em declarações à imprensa na cidade da Praia, referindo que a parceria bilateral não será afetada pela situação política em Portugal.
“Temos em Portugal, da esquerda ao centro, ou, se quiser, ao centro-direita, uma almofada absolutamente confortável quanto à essencialidade da cooperação com Cabo Verde”, apontou, afirmando que acredita que isso “nunca estará em causa, dada a amplitude do apoio político e do espectro parlamentar”.
Eurico Monteiro, que foi embaixador de Cabo Verde em Portugal desde 2017, lembrou que, mesmo após a queda do Governo socialista, a cooperação entre os dois países manteve-se sólida.
Projetos importantes, como o fundo climático, que passou de 12,5 para 42,5 milhões de euros, e o fundo para a formação profissional, que manteve os quatro milhões de euros, abrindo uma linha de crédito de 100 milhões de euros, continuaram a ser concretizados.
“Ou seja, tudo se manteve e até melhorou. Tenho a certeza de que, com o novo Governo, pelo menos continuará como está ou até se reforçará”, apontou.
O ministro acrescentou que a cooperação com Portugal é “estruturante e continuará”, principalmente para o desenvolvimento de ambos, especialmente no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
A crise política em Portugal começou há cerca de um mês, com notícias sobre a empresa familiar do primeiro-ministro, Luís Montenegro, a Spinumviva, o que levou à apresentação de duas moções de censura, uma do Chega e outra do PCP, ambas rejeitadas.
O Ministério Público abriu uma investigação sobre o primeiro-ministro e a empresa Spinumviva.
Diante das dúvidas dos partidos, Luís Montenegro anunciou uma moção de confiança, que foi rejeitada na terça-feira, provocando a queda do Governo.
O presidente do PSD e primeiro-ministro defendeu hoje a realização de eleições legislativas antecipadas “o mais rápido possível”, apontando o dia 11 de maio como uma data viável.
Montenegro fez essas declarações após uma audiência com o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, que está a ouvir todos os partidos com assento parlamentar, na sequência da queda do Governo PSD/CDS-PP após a rejeição da moção de confiança.
Marcelo Rebelo de Sousa convocou uma reunião do Conselho de Estado para quinta-feira para discutir a dissolução da Assembleia da República, conforme estabelece a Constituição.
A moção de confiança ao Governo foi rejeitada pelos votos contra do PS, Chega, BE, PCP, Livre e Inês Sousa Real (PAN).
A favor estiveram o PSD, CDS-PP e a Iniciativa Liberal.
RS (SMA) // VM
By Impala News / Lusa
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