Bruxelas antecipa impactos negativos no PIB e investimento da UE para este ano

A Comissão Europeia antecipou hoje impactos negativos das tensões comerciais devido às tarifas norte-americanas nas projeções de crescimento e investimento da União Europeia (UE) para este ano, que divulgará na segunda-feira, pedindo “medidas urgentes” para melhorar a competitividade.

Bruxelas antecipa impactos negativos no PIB e investimento da UE para este ano

“A Comissão apresentará as nossas projeções pormenorizadas para a economia da UE nas previsões económicas da primavera na próxima segunda-feira, [mas] posso já dizer que a economia da União terminou 2024 numa base ligeiramente mais forte do que o previsto e manteve a sua dinâmica no início do ano”, disse o comissário europeu da Economia, Valdis Dombrovskis.

Falando em conferência de imprensa após a reunião dos ministros das Finanças da UE, em Bruxelas, o responsável realçou: “Ao mesmo tempo, sem antecipar as previsões da primavera, é evidente que os anúncios de tarifas dos EUA e a incerteza que estes provocaram afetam negativamente as perspetivas de crescimento e investimento da UE para este ano”.

“Os riscos também parecem estar inclinados para o lado negativo”, reforçou Valdis Dombrovskis.

O comissário europeu da tutela adiantou que “este facto sublinha a necessidade de a UE e os seus Estados-membros continuarem a concentrar-se na tomada de medidas urgentes para melhorar a competitividade e garantir a nossa prosperidade a longo prazo”.

Foi aliás devido à incerteza económica que o executivo comunitário alterou a data de divulgação das habituais projeções macroeconómicas de primavera, de sexta-feira para a próxima segunda-feira, argumentando ser necessário mais tempo para o trabalho técnico.

As previsões macroeconómicas da Comissão Europeia, que serão então divulgadas na segunda-feira, devem ser influenciadas pelas políticas protecionistas dos Estados Unidos devido à imposição de tarifas elevadas à UE, o que tem desencadeado tensões comerciais e instabilidade nos mercados financeiros e receios de desaceleração económica e inflação persistente.

Cálculos da Comissão Europeia dão conta de que os novos direitos aduaneiros norte-americanos podem implicar perdas de 0,8% a 1,4% no Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA até 2027, sendo esta percentagem de 0,2% do PIB no caso da UE.

No pior cenário, isto é, se os direitos aduaneiros forem permanentes ou se houver outras contramedidas, as consequências económicas serão mais negativas, de até 3,1% a 3,3% para os Estados Unidos e de 0,5% a 0,6% para a UE.

Em termos globais, o executivo comunitário estima uma perda de 1,2% no PIB mundial e uma queda de 7,7% no comércio mundial em três anos.

Hoje, o Conselho da UE deu ‘luz verde’ à revisão do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) de Portugal, abrangendo 108 medidas, visando a substituição de medidas inatingíveis e a redução de encargos administrativos.

De acordo com Valdis Dombrovskis, até ao momento, foi desembolsado um total de 311,4 mil milhões de euros aos países da UE.

“Recordamos mais uma vez aos Estados-membros que o prazo legal para o cumprimento de todos os marcos e metas termina no final de agosto de 2026 e isto significa que nos restam cerca de 15 meses para apresentar todos os pedidos de pagamento pendentes e as respetivas provas”, apelou ainda Valdis Dombrovskis em conferência de imprensa.

Ao todo, o PRR português tem um valor de 22,2 mil milhões de euros, com 16,3 mil milhões de euros em subvenções e 5,9 mil milhões de euros em empréstimos do Mecanismo de Recuperação e Resiliência.

ANE // CSJ

By Impala News / Lusa

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