Balança de pagamentos de Moçambique deficitária em 2023 mas melhorou 65%

A balança de pagamentos de Moçambique continuou deficitária em 2023, em 2.426 milhões de dólares (2.232 milhões de euros), mas o défice caiu praticamente 65% face a 2022, segundo dados compilados hoje pela Lusa.

Balança de pagamentos de Moçambique deficitária em 2023 mas melhorou 65%

De acordo com dados oficiais do Banco de Moçambique, “esta melhoria do défice da conta corrente resulta, essencialmente, da redução significativa”, em 4.158 milhões de dólares (3.826 milhões de euros), “do valor das importações de bens por parte dos grandes projetos”.

Em 2022, as transações entre Moçambique e o resto do mundo foram deficitárias, em 6.880 milhões de dólares (6.330 milhões de euros).

“Refira-se que as importações em 2022 observaram um incremento histórico, ligado ao registo da chegada da plataforma flutuante Coral Sul FLNG [de gás natural] avaliada em cerca de 4.200 milhões de dólares” [3.869 milhões de euros], refere o relatório.

O documento acrescenta que o valor das exportações de bens em 2023 situou-se em 8.276 milhões de dólares (7.614 milhões de euros), dos quais 6.225 milhões de dólares (5.727 milhões de euros) relativos aos grandes projetos.

“O setor que mais contribuiu no total das exportações foi o extrativo, com destaque para o gás”, refere ainda o relatório.

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, admitiu na semana passada que o país tem de passar a exigir a transformação local das matérias-primas, para reduzir as importações e contrair apenas algum processamento local de produtos importados inacabados.

“É chegado o momento de começarmos a pensar grande. Até podemos, naquilo que sabemos fazer, dizer ‘isso já não sai de Moçambique, transformam aqui’. Podemos fazer isso”, afirmou Nyusi, no discurso de abertura da XIX Conferência Anual do Setor Privado, em Maputo.

O chefe de Estado disse ainda que a indústria moçambicana já “não se deve limitar ao processamento da fase final de produtos por via de importação de produtos semiacabados”, em detrimento da matéria-prima do país, como forma também de dinamizar as exportações nacionais.

“A nossa ação conjunta deverá convergir para promover as nossas potencialidades por via da promoção de relações intersetoriais, livres de proteção impostas por medidas de proteção fiscal. E há países que fazem isso. Nós não fizemos isso durante a nossa governação porque tínhamos de gerir e equilibrar muita coisa ao mesmo tempo, aquilo que não temos e aquilo que temos, e se fazemos uma decisão radical poderemos não crescer”, admitiu o chefe de Estado.

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By Impala News / Lusa

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