Amazon desiste de comprar iRobot após objeções da UE e Bruxelas saúda decisão
A tecnológica norte-americana Amazon anunciou hoje ter desistido de comprar a fabricante de robôs iRobot por falta de “aprovação regulamentar” na União Europeia (UE), decisão que a Comissão Europeia, que bloqueou o negócio por receios concorrenciais, saudou.
Numa nota ao mercado, a Amazon informa que, juntamente com a homóloga norte-americana iRobot, entrou em “acordo mútuo para rescindir o seu acordo de aquisição anunciado anteriormente, originalmente assinado em 04 de agosto de 2022”, num montante de cerca de 1,56 mil milhões de euros.
Isto porque “a proposta de aquisição da iRobot pela Amazon não tem qualquer hipótese de aprovação regulamentar na União Europeia, o que impede a Amazon e a iRobot de avançarem em conjunto, uma perda para os consumidores, a concorrência e a inovação”, criticam as empresas num comunicado divulgado pela ‘gigante’ do comércio eletrónico.
Reagindo à decisão, a Comissão Europeia indica que “toma nota da decisão da Amazon e da iRobot de pôr termo ao seu acordo, segundo o qual a Amazon tencionava adquirir o controlo exclusivo da iRobot”.
“O abandono segue-se às conclusões da investigação aprofundada da Comissão e ao envio de uma comunicação de objeções em 27 de novembro de 2023”, recorda o executivo comunitário, numa alusão à posição divulgada na altura, segundo a qual o negócio iria restringir a concorrência no mercado dos aspiradores robôs.
Citada pelo comunicado, a vice-presidente executiva da Comissão Europeia com a pasta da Concorrência, Margrethe Vestager, sublinha que a instituição “analisou de perto o duplo papel da Amazon como operador de plataforma e participante no mercado e as implicações da fusão da Amazon com o proprietário de um produto de grande sucesso para o qual a Amazon já é um importante canal de vendas”, tendo estado em “estreito contacto com a Comissão Federal do Comércio dos EUA”.
“A nossa investigação aprofundada mostrou preliminarmente que a aquisição da iRobot teria permitido à Amazon excluir os rivais da iRobot, restringindo ou degradando o acesso às Amazon Stores”, recorda Margrethe Vestager.
Caso o negócio se tivesse concretizado, “a Amazon teria tido o incentivo para excluir os rivais da iRobot porque seria economicamente rentável fazê-lo”, acrescenta a responsável, argumentando que as “estratégias de exclusão poderiam ser utilizadas para aumentar os custos de publicidade e de venda dos seus aspiradores robots no mercado da Amazon, […] conduzindo a preços mais elevados, menor qualidade e menos inovação para os consumidores”.
“Ao avaliar operações deste tipo, é fundamental ter em conta o que a operação significaria para os rivais e para os clientes da entidade resultante da concentração. Isto aplica-se, em especial, às transações em que grandes canais de vendas estabelecidos adquirem fornecedores que dependem fortemente da infraestrutura do adquirente e do alcance dos clientes para serem bem-sucedidos no mercado do Espaço Económico Europeu”, conclui Margrethe Vestager.
A iRobot é um dos principais fornecedores de aspiradores robots no Espaço Económico Europeu, enquanto a Amazon é simultaneamente um retalhista e uma plataforma que explora mercados locais em vários Estados-membros, as Amazon Stores, que por sua vez consistem num importante canal de vendas para aspiradores robôs na região, em particular, em França, Alemanha, Itália e Espanha.
A Amazon dispõe ainda de dispositivos inteligentes como a assistente de voz Alexa ou a campainha inteligente Ring.
ANE // EA
By Impala News / Lusa
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