Advogado timorense de Arnolfo Teves Jr. apresenta pedido de habeas corpus

O advogado de defesa do político filipino Arnolfo Teves Jr., acusado pelas autoridades das Filipinas pelo assassínio de 10 pessoas e detido terça-feira em Díli, disse que entrou com um pedido de habeas corpus no tribunal.

Advogado timorense de Arnolfo Teves Jr. apresenta pedido de habeas corpus

“A equipa de advogados entendeu que esta detenção é ilegal e, por isso, esta manhã apresentámos um pedido de habeas corpus. Agora aguardamos a decisão”, disse o advogado no Ministério do Interior, em Díli.

O político filipino foi detido terça-feira na sua residência em Díli pelas forças de segurança e levado para o edifício do Ministério do Interior.

“Eu tento compreender o trabalho da imigração, porque me dizem que estão a seguir orientações do Ministério do Interior. Quero afirmar que, desde que Timor-Leste passou a governar-se a si próprio, até hoje, nunca houve nada tão grave como isto”, salientou o advogado.

José Ximenes, que foi procurador-geral da República entre 2013 e 2021, afirmou também que a equipa de advogados nas Filipinas informou que, caso o político regresse ao país, “poderá enfrentar perigos graves para a sua integridade física”.

O advogado disse ter informações de que um avião deverá chegar ao país ainda hoje para deportar Arnolfo Teves Jr.

“Disse ao meu cliente que esta é a pior situação possível, mas temos de a enfrentar. O habeas corpus é para casos de detenção ilegal, por isso pedimos a sua libertação urgente. Pode acontecer que a decisão surja quando ele já estiver fora do país”, afirmou o advogado, questionando sobre quem o recebeu no aeroporto em 2023 quando aterrou no país.

A detenção do político filipino, acusado pelas autoridades filipinas do assassínio de 10 pessoas, acontece depois de o Presidente timorense, José Ramos-Horta, ter afirmado aos jornalistas, na terça-feira, que não é do interesse nacional ter o ex-deputado no país.

O Tribunal de Recurso de Timor-Leste decidiu em março deste ano não proceder à extradição do deputado filipino Arnolfo Teves Jr. para as Filipinas, justificando a decisão com a Constituição timorense, que não permite a extradição por crimes a que corresponda na lei do Estado requisitante a pena de morte ou prisão perpétua ou sempre que a pessoa a extraditar possa vir a ser sujeita a tortura.

O filipino Arnolfo Teves foi detido o ano passado em Díli pela Polícia Científica de Investigação Criminal de Timor-Leste, na sequência de um mandado de captura da Interpol, emitido a pedido das autoridades das Filipinas.

Em reação, o secretário da Justiça filipino, Jesus Crispin Remulla, afirmou à imprensa que a recusa de extradição podia pôr em risco a candidatura de Timor-Leste à Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), lembrando que as Filipinas são um membro fundador da organização.

Na quinta-feira passada, as Filipinas manifestaram oficialmente apoio à adesão plena de Timor-Leste à ASEAN.

Na cimeira de chefes de Estado da organização regional, realizada na segunda-feira, em Kuala Lumpur, na Malásia, foi acordado que a adesão plena de Timor-Leste à ASEAN se vai concretizar em outubro.

A ASEAN foi criada em 1967 pela Indonésia, Singapura, Tailândia, Malásia e Filipinas e tem como objetivo promover a cooperação entre os estados-membros para garantir a paz, a estabilidade e o desenvolvimento económico, social e cultural da região.

Brunei Darussalam, Camboja, Laos, Myanmar e Vietname também integram a ASEAN.

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By Impala News / Lusa

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