Nova Presidente do parlamento moçambicano quer diálogo e inclusão para travar conflitos
A nova presidente da Assembleia da República de Moçambique defendeu hoje um parlamento “dialogante e inclusivo” nos esforços para travar a crise pós-eleitoral em Moçambique.
“Vamos ter de optar por um sistema de inclusão participativa, onde todos os deputados, independentemente das suas cores políticas, estejam unidos em torno daquilo que são as aspirações dos moçambicanos”, declarou à comunicação social Margarida Talapa, momentos antes de ser oficialmente eleita presidente do parlamento.
A Assembleia da República de Moçambique empossou hoje os deputados eleitos à X legislatura, mas dois dos partidos, Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e Movimento Democrático de Moçambique, boicotaram a cerimónia, contestando o processo eleitoral, dia em que estão convocados novos protestos no âmbito da contestação aos resultados das eleições de 09 de outubro.
“O que nós temos de fazer é apostar no diálogo e na participação ativa de todos os parlamentares. Trazendo aquilo que são as aspirações da sociedade moçambicana e naturalmente resolvemos os conflitos que nós temos. As nossas diferenças não podem impedir o desenvolvimento deste país”, disse.
Talapa, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), foi eleita com 169 votos, o correspondente a 80,5%, numa lista em que também concorriam Carlos Tembe, que obteve 32 votos, e Fernando Jone, com sete votos, estes dois últimos do partido Partido Otimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (Podemos).
No total, dos 250 deputados que compõem o novo parlamento, estavam presentes na cerimónia de hoje 210 parlamentares, 171 da Frelimo, 39 do Partido Podemos, partido até agora extraparlamentar e que apoiou a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, passando a ser o maior da oposição, com 43 deputados.
Contrariando o pedido de Venâncio Mondlane, candidato presidencial que lidera a contestação aos resultados eleitorais, a direção do partido, que ganhou popularidade após o acordo político com Mondlane, decidiu tomar posse, embora tenham faltado quatro deputados.
“Nós tomamos posse porque somos políticos e estamos nesta casa para fazer política. Nós entendemos que tomar posse nos garante a legitimidade política para continuarmos esta luta do povo (…) Como bancada parlamentar do Podemos, nós somos a bancada do nosso candidato Venâncio Mondlane. Não há dúvidas que nós fomos eleitos devido a esta aliança política. Não há e não entendo que haja uma rutura”, disse à Lusa Ivandro Massingue, porta-voz da bancada do Podemos.
Venâncio Mondlane apelou no sábado a três dias de paralisação em Moçambique a partir de hoje, e a “manifestações pacíficas” durante a posse dos deputados ao parlamento e do novo Presidente moçambicano, contestando o processo eleitoral.
“Chegou a hora de vocês demonstrarem a vossa própria iniciativa”, afirmou, aludindo às cerimónias de posse agendadas, incluindo do Presidente da República, Daniel Chapo, na quarta-feira.
“Estes três dias são cruciais para a nossa vida. Temos que demonstrar que o povo é que manda. Manifestações pacíficas. Das 08:00 às 17:00 [menos duas horas em Lisboa] é suficiente, contra os traidores do povo na segunda-feira e contra os ladrões do povo na quarta-feira”, afirmou.
Venâncio Mondlane regressou a Moçambique na quinta-feira, após dois meses e meio no exterior, alegando questões de segurança, e insiste em não reconhecer os resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro, em que a Frelimo elegeu o seu candidato presidencial, Daniel Chapo, manteve a maioria parlamentar, com 171 deputados, contra os atuais 184, e todos os governadores de província, segundo os resultados proclamados pelo Conselho Constitucional em 23 de dezembro.
O processo em torno das eleições gerais ficou marcado nos últimos dois meses e meio por tensões sociais, manifestações e paralisações contestando os resultados que já provocaram quase 300 mortos e mais de 600 feridos a tiro.
EAC // VM
By Impala News / Lusa
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