Moto-taxista encontrado morto eleva para 278 óbitos nos protestos em Moçambique

Um moto-taxista desaparecido desde o dia da proclamação dos resultados eleitorais em Moçambique foi encontrado morto, elevando para 278 o número de vítimas mortais desde que começaram os protestos, em outubro, avançou hoje a plataforma eleitoral Decide.

Moto-taxista encontrado morto eleva para 278 óbitos nos protestos em Moçambique

O corpo da vítima, que desapareceu durante as manifestações que marcaram a proclamação de resultados pelo Conselho Constitucional, foi encontrado abandonado no Distrito do Búzi, província de Sofala, centro de Moçambique, na sexta-feira, avançou à Lusa Wilker Dias, diretor executivo da plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha o processo.

O número total de mortos nas manifestações, que começaram após as eleições de 09 de outubro, subiu para 278, havendo ainda pelo menos uma dezena de pessoas dadas como desaparecidas.

“Cerca de 80% destes desaparecidos corresponde a pessoas apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane [político moçambicano que lidera a contestação eleitoral a partir do estrangeiro]. O restante são pessoas que, em algum momento, participaram nas manifestações por variados motivos”, acrescentou Wilker Dias.

Só entre 23 e 29 de dezembro, a ONG contabilizou 176 pessoas mortas, com as províncias de Maputo e Nampula a registarem maior número – 37 e 36, respetivamente.

No mesmo período, marcado pelo pós proclamação dos resultados finais pelo Conselho Constitucional , a ONG contabilizou 240 pessoas feridas a tiro e 167 pessoas detidas.

Desde 21 de outubro, quando começou a contestação ao processo em torno das eleições gerais de 09 de outubro, o registo da plataforma eleitoral Decide contabiliza 586 pessoas baleadas.

Somam-se ainda 4.201 detenções desde o início dos protestos pós-eleitorais, 167 dos quais desde 23 de dezembro.

O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou em 23 de dezembro Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.

Este anúncio aumentou o caos em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane – que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos – nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.

EAC // ANP

By Impala News / Lusa

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