Hidroelétrica de Cahora Bassa com lucros recorde em 2024 apesar do baixo armazenamento

A Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), centro de Moçambique, estimou lucros recorde de 225 milhões de dólares (215,4 milhões de euros) em 2024 e espera aumentar até ao final deste ano os níveis reduzidos de armazenamento de água

Hidroelétrica de Cahora Bassa com lucros recorde em 2024 apesar do baixo armazenamento

Em comunicado enviado à Lusa, a administração da HCB, uma das maiores produtoras independentes de energia hidroelétrica da região austral de África, refere ter alcançado no ano passado uma produção total de 15.753,52 GigaWatt-hora (GWh).

“Esta cifra foi atingida num contexto hidro-climatológico adverso caracterizado por uma seca severa imposta pela ocorrência do fenómeno El Niño, cujo impacto negativo levou à adoção e implementação de medidas de gestão da exploração da albufeira, que visavam salvaguardar a segurança hidráulico-operacional da barragem e infraestruturas conexas, o que permitiu que Cahora Bassa tivesse níveis de armazenamento de água melhores do que as barragens dos países à montante”, lê-se no comunicado.

O documento acrescenta que no final do primeiro período da época chuvosa 2024/2025, em 31 de dezembro de 2024, a cota da albufeira atingiu 305,20 metros acima do nível médio das águas do mar, o que corresponde a 21,19% de armazenamento útil.

Contudo, as previsões atuais apontam para a ocorrência este ano do fenómeno La Niña, “com elevada probabilidade de chuvas normais nesta região, em particular na Bacia do Zambeze”.

“Associada às medidas de gestão hidrológica, que incluíram a suspensão de qualquer descarga durante todo o ano de 2024, a HCB espera recuperar, no fim do ano 2025, o nível de armazenamento que permita alcançar uma produção hidro-energética com potencial para satisfazer as necessidades do país e da região, no presente ano e subsequentes”, sublinha o comunicado.

Citado no documento, o presidente do conselho de administração da empresa, Tomás Matola, refere que “apesar dos constrangimentos de ordem hidro-climatológica” e “como corolário de uma gestão cuidadosa dos recursos da empresa, assentes em princípios de austeridade e maximização dos ganhos financeiros”, os dados atuais, ainda em processo de auditoria, apontam que “o desempenho de 2024 poderá gerar resultados líquidos de mais de 225 milhões de dólares norte-americanos, valores que ultrapassam os registos do exercício económico de 2023 e de toda a história da HCB”.

Como resultado deste desempenho, Tomás Matola estima que a HCB pague ao Estado moçambicano em 2025, entre impostos, taxas e dividendos, cerca de 292 milhões de dólares (279,5 milhões de euros), “o que demonstra o papel estruturante e estratégico” da empresa “no desenvolvimento do país e na melhoria das condições de vida dos moçambicanos”.

O Estado moçambicano detém 90% do capital social da HCB, desde a reversão para Moçambique, acordada com Portugal em 2007, enquanto a empresa portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN) tem uma quota de 7,5% e a Eletricidade de Moçambique 2,5%.

A albufeira de Cahora Bassa é a quarta maior de África, com uma extensão máxima de 270 quilómetros em comprimento e 30 quilómetros entre margens, ocupando 2.700 quilómetros quadrados e uma profundidade média de 26 metros, contando com quase 800 trabalhadores.

A empresa sublinha ainda que em 2024, pela primeira vez na sua história, não registou qualquer acidente de trabalho.

 

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By Impala News / Lusa

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