Um terço da população moçambicana tem acesso a serviços bancários

m terço da população moçambicana tem acesso a serviços bancários e 93% a serviços prestados por Instituições de Moeda Eletrónica (IME), que funcionam via telemóvel, avançou hoje o governador do Banco de Moçambique.

Um terço da população moçambicana tem acesso a serviços bancários

“Hoje, todos os distritos do país têm pelo menos um ponto de acesso aos serviços financeiros. Um terço da população moçambicana tem acesso aos serviços bancários, e 93% da população tem acesso aos serviços das IME”, revelou Rogério Zandamela, na abertura do Ano Académico na Unizambeze, província da Zambézia.

Justificou estes resultados com as reformas em curso no setor, que permitiram que Moçambique esteja “cada vez mais a melhorar os níveis de inclusão financeira”.

“Temos em todo país, mais de 90 mil contas de IME, por cada 100 mil adultos. Adicionalmente, estão em funcionamento mais de 1.250 agentes de IME, por cada 100 mil adultos, em todo o país”, revelou.

Como “resultado da interoperabilidade” no sistema, prosseguiu, “as transações aumentaram significativamente, entre 2022 e 2023, com destaque para as transferências de bancos para IME”, que passaram de 61 mil para 888 mil, “bem como as transferências em IME, entre si, de 17,7 milhões para 74,7 milhões operações”.

Na mesma intervenção, subordinada ao tema “A importância da inclusão financeira na dinamização do desenvolvimento económico”, Rogério Zandamela destacou os recentes resultados ao nível da literacia financeira, que chegou a 51%, e “onde a literacia financeira digital ronda os 40%”.

O Governador reconheceu que “há ainda muito por fazer”, e apontou como exemplo, que “a percentagem de acesso aos serviços bancários, de 31%, situa-se ainda abaixo da de países como Zimbabwe, com 46%, Nigéria com 40% e Lesotho com 39%”.

Por outro lado, disse, “os níveis de literacia financeira de 51% continuam abaixo dos 70%, que, de acordo a OCDE, é o nível mínimo para que os indivíduos sejam considerados capacitados para a tomada de decisões financeiras com confiança e bem informadas”.

“Por isso, com os olhos postos no futuro, há que fazer uma retrospetiva para tirar lições da nossa atuação e identificar os desafios a vencer”, defendeu, apontando que o “sucesso” de Moçambique “rumo a uma sociedade financeiramente inclusiva dependerá do reconhecimento de que a inclusão financeira depende da interligação” de vários fatores.

Perante os estudantes daquela universidade, Zandamela referiu-se ainda às medidas adotadas no domínio da proteção do consumidor e educação financeira, como os conteúdos de Educação Financeira, que “passaram a integrar o currículo nacional, nas suas primeiras classes, para moldar o futuro da sociedade”.

Recordou igualmente que “foram introduzidas penalizações severas para as instituições financeiras que violem os direitos dos seus clientes, incluindo reclamações não atendidas, prestação de informação financeira não fiel e fidedigna, publicidade enganosa, entre outras” e adiantou que “só em 2023, foram penalizadas cinco instituições, que resultaram em multas de mais de 46 milhões de meticais (662,4 mil euros)”.

Também sublinhou o papel “dos provedores de serviços financeiros”, como os bancos, IME e outros, que, “em busca permanente de mercados, encontram na inclusão financeira a forma natural de ampliar a escala dos seus serviços financeiros”.

“A poupança da economia, que de outro modo seria ociosa, passa a ser canalizada para o investimento por intermédio dos provedores de serviços financeiros e de meios cada vez mais inovadores. Só para referência, nos últimos dois anos, os níveis de poupança ascendem em média os 17% do PIB”, disse, assumindo que “sem inclusão financeira, dificilmente” Moçambique terá “um desenvolvimento equitativo, sustentável e inclusivo”.

PVJ // ANP

By Impala News / Lusa

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