Temporariamente congeladas contas bancárias de subsidiária do acionista chinês da TAP
Uma subsidiária da HNA disse que algumas das suas contas bancárias foram temporariamente encerradas
Uma subsidiária da HNA, acionista da TAP através do consórcio Atlantic Gateway e da companhia brasileira Azul, disse hoje que algumas das suas contas bancárias foram temporariamente encerradas, num novo sinal de escassa liquidez do grupo chinês.
Num comunicado enviado à bolsa de Xangai, e citado pelo jornal Financial Times, a firma Tianjin Tianhai Investment, que detém a distribuidora de tecnologia norte-americana Ingram Micro, afirma que três das suas contas bancárias foram congeladas, em 12 de janeiro, após uma disputa com o Ningbo Commerce Bank.
A subsidiária do grupo HNA suspendeu hoje as negociações em bolsa, citando a possibilidade de uma reestruturação dos seus ativos, num outro comunicado.
Na segunda-feira, seis subsidiárias do grupo HNA suspenderam as negociações em diferentes praças financeiras da China.
Em comunicados separados, as empresas informaram que a empresa matriz, o grupo HNA, está a preparar “ações importantes”, nomeadamente a reestruturação dos ativos das respetivas empresas.
Uma das subsidiárias detalhou que estão a decorrer “várias discussões e negociações”, visando uma reestruturação “ampla e de grande escala”.
Em dezembro passado, o grupo HNA reuniu com representantes de oito grandes bancos na sede da empresa na ilha de Hainan, extremo sul da China.
No mesmo mês, o banco chinês Citic Bank revelou que a empresa estava a ter dificuldades em saldar as suas dívidas.
Em novembro passado, o diretor-executivo do grupo, Adam Tam, anunciou que a empresa se quer desfazer de parte dos seus ativos, depois de ter investido, nos últimos anos, 33 mil milhões de euros além-fronteiras.
O HNA é um dos principais visados das advertências das autoridades chinesas para investimentos “irracionais” no estrangeiro, que podem acarretar riscos para o sistema financeiro chinês.
Em novembro passado, a agência de ‘rating’ Standard & Poor’s avisou o grupo de que “estruturas agressivas de financiamento” estão a danificar a sua solidez financeira. A agência colocou a dívida do HNA em nível “lixo”.
Segundo a S&P, o grupo somava na altura uma dívida de longo prazo de cerca de 49 mil milhões de euros – equivalente a uma dívida líquida de 6,5 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações.
A empresa detém indiretamente cerca de 20% do capital da TAP, através de uma participação de 13% na Azul (companhia do brasileiro David Neelman que integra a Atlantic Gateway) e uma participação de 7% na Atlantic Gateway, e tem ainda importantes participações em firmas como Hilton Hotels, Swissport ou Deutsche Bank.
Uma das suas subsidiárias, a Capital Airlines, inaugurou este ano o primeiro voo direto entre a China e Portugal.
O grupo tem também estado na mira de reguladores estrangeiros, face à dificuldade em entender quem são os seus acionistas, ocultados por detrás de múltiplas empresas fictícias, subsidiárias e afiliados.
Na semana passada, as autoridades norte-americanas afirmaram que não vão aprovar mais investimentos do HNA, até que o grupo forneça informação precisa sobre os seus acionistas.
Em dezembro passado, os reguladores da Nova Zelândia encarregues do investimento externo bloquearam a aquisição de uma sociedade financeira pelo HNA, apontando que a informação fornecida sobre a estrutura acionista do grupo “era insuficiente”.
Em julho passado, os reguladores suíços disseram também que o grupo forneceu informação “incompleta ou falsa” sobre a sua estrutura acionista, aquando da aquisição da Gategroup, líder no catering para o sector da aviação.
A HNA foi fundada em 1993 e tem sede em Haikou, capital de Hainan.
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