Presidente argentino insiste na recuperação da soberania sobre ilhas Malvinas
O Presidente argentino, Javier Milei, reivindicou hoje que o seu governo é o primeiro, em muitos anos, “a tomar conta da situação” e que tem “um rumo claro” para recuperar a soberania sobre as ilhas Malvinas.
Num discurso na cerimónia que assinalou o 42.º aniversário do início da ‘Guerra das Malvinas’, que opôs a Argentina ao Reino Unido (que é formalmente o proprietário das ilhas a que chama Falkland), Milei criticou o tratamento dado pelos governos anteriores às Forças Armadas.
“Não é por acaso que pouco ou nada se avançou na reivindicação das nossas ilhas: somos, depois de décadas, o primeiro governo a tomar conta da situação e que tem um rumo claro para ser um país verdadeiramente próspero e soberano”, disse o presidente argentino, citado no jornal ‘Clarín’.
Na intervenção, o Presidente argentino criticou os políticos que “há décadas” andam a ‘bater no peito'” para demonstrar o empenhamento nas reivindicações das ilhas, políticas que não produziram “um único resultado para mostrar durante todos estes anos”.
“Para que as reivindicações soberanas sejam ouvidas e respeitadas, o país e sua liderança devem primeiro ser respeitados, já que ninguém levaria a sério as reivindicações de incumprimentos em série”, apontou Milei, insistindo em reprovar os governos anteriores do país.
Da mesma forma, Milei reprovou também que nos últimos anos tenha havido um sector da classe política do país que concentrou os esforços em “manchar o nome” das Forças Armadas argentinas, o que significa que Buenos Aires não tem “respeito internacional”.
“Não há soberania, não há respeito internacional pelos nossos interesses se a liderança política se esforça para manchar o nome das nossas forças armadas. Nos anos em que a nossa soberania estava consolidada, as forças armadas eram valorizadas por todos os dirigentes e pela sociedade”, acrescentou.
Nesse sentido, Milei pediu à sociedade argentina e à classe política que iniciem “uma nova era de reconciliação com as Forças Armadas”, na qual “uma homenagem sincera seja prestada aos heróis” do país e o exército receba “o reconhecimento e o apoio que merece”.
Por seu lado, o ex-Presidente argentino Alberto Fernández aproveitou a data para recordar que durante o seu mandato (2019-2023) governou para “preservar os interesses” do país, tendo mesmo conseguido que a União Europeia (UE) reconhecesse as ilhas Malvinas como um território em disputa.
Fernández sublinhou a necessidade de a reivindicação de soberania sobre as Malvinas ser “uma política de Estado indiscutível”, destacando a recente e polémica visita do ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, David Cameron, ao arquipélago.
“A recente visita do Ministro dos Negócios Estrangeiros britânico às Ilhas Malvinas constituiu uma ofensa direta à nossa soberania. Esta ofensa não pode ser ignorada. Há duas formas de governar a Argentina: preservar os seus interesses ou ignorá-los”, acrescentou Fernández.
“Neste dia de comemoração, renovamos o nosso compromisso inabalável com a causa das Malvinas, em honra do sacrifício daqueles que defenderam corajosamente a nossa terra. As ilhas Malvinas são e sempre serão argentinas”, concluiu o ex-presidente argentino.
A Guerra das Malvinas (ou Guerra das Falklands) foi um conflito armado entre a Argentina e o Reino Unido que abrangeu também as ilhas da Geórgia do Sul e Sandwich do Sul entre 02 de abril e 14 de junho de 1982.
As ilhas Malvinas, arquipélago situado a cerca de 500 quilómetros da costa argentina, foi palco de uma das mais curtas, sangrentas e desnecessárias guerras que aconteceram no século XX.
A região foi ocupada pelos britânicos no século XIX e integrava uma parcela mínima dos vastos territórios que compunham o imenso império britânico. Após a Segunda Guerra Mundial (1939/45), mesmo com o processo de descolonização, a região sul-americana ficou sob tutela inglesa.
A guerra avançou no auge da ditadura militar imposta no início da década de 1980 pelo então Presidente Leopoldo Galtieri, que chegou ao poder a 22 de dezembro de 1981 e foi afastado a 18 de junho de 1982, quatro dias após o fim do conflito.
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