Lucros das empresas chinesas caem pelo terceiro ano consecutivo

Os lucros das empresas chinesas caíram pelo terceiro ano consecutivo em 2024, segundo dados hoje divulgados, prevendo-se que a tendência se mantenha este ano, face às pressões deflacionistas na segunda maior economia do mundo.

Lucros das empresas chinesas caem pelo terceiro ano consecutivo

Os lucros das empresas com mais de 20 milhões de yuan (4,3 milhões de euros) em faturação diminuíram em média 4,7%, em termos homólogos, entre janeiro e novembro, de acordo com os dados do Gabinete Nacional de Estatística.

Este valor é superior ao declínio de 4% registado durante todo o ano de 2022, quando a pandemia da covid-19 paralisou a atividade económica.

As receitas cresceram apenas 1,8% em termos homólogos entre janeiro e novembro do ano passado, em comparação com o mesmo período de 2023. Este valor compara com um crescimento de 5,9% em 2022 em relação ao ano anterior.

Os economistas apontam a deflação como o principal motivo para estes dados, numa altura em que o excesso de produção dos fabricantes e o fraco consumo interno levaram a uma intensa concorrência, minando os preços dos produtos e serviços, o que corroeu os lucros.

A deflação consiste numa redução dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno reflete debilidade no consumo doméstico e investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos ativos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.

As estatísticas chinesas mostram 28 meses de deflação consecutivos nos preços no produtor – o preço a que as fábricas vendem os seus produtos – e os economistas preveem que a tendência se mantenha este ano.

As gigantescas empresas estatais da China foram as que tiveram pior desempenho.

Os lucros caíram 8,4%, em termos homólogos, entre janeiro e novembro, em comparação com 1% ou menos para as empresas privadas ou estrangeiras.

Os dados da Associação Chinesa de Empresas Públicas mostram que, das 5.368 empresas cotadas na China continental, 23% registaram um prejuízo líquido anual nos primeiros nove meses de 2024, enquanto 40% registaram uma diminuição dos lucros e 45% tiveram uma queda das receitas.

Mas a economia chinesa enfrenta duas velocidades, com as fortes exportações, que atingiram um valor recorde em 2024, a compensarem a fraca procura interna, à medida que as famílias enfrentam uma profunda crise no setor imobiliário.

Dados oficiais divulgados hoje revelaram um crescimento do comércio externo mais forte do que o esperado no mês passado. As exportações aumentaram 10,7% em dezembro, em termos homólogos, enquanto as importações subiram 1%.

 

JPI // SB

By Impala News / Lusa

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