Gestora do porto da Beira preocupada com crise de combustíveis em Moçambique

A operadora do terminal do porto da Beira alerta que a crise de combustíveis que tem afetado Moçambique, particularmente aquela cidade no centro, ameaça comprometer os serviços marítimos e de manuseamento de cargas

Gestora do porto da Beira preocupada com crise de combustíveis em Moçambique

“A questão do combustível é uma situação que, de certa medida, nos preocupa. Se não for resolvido, pode criar alguns constrangimentos para o corredor [da Beira, que liga a vários países africanos] e dentro de Moçambique em geral”, disse na quinta-feira o diretor das operações da Corneld de Moçambique.

Miguel de Gengam avançou, em declarações aos jornalistas, que, apesar das perspetivas para 2025 serem positivas, prevendo manusear cerca de 400 mil contentores e cinco milhões de carga geral no porto, há riscos, como a dificuldade no acesso a combustível e a divisas, o que pode impactar as perspetivas económicas.

A escassez de combustível chegou a ser atribuída à falta de moeda estrangeira, dificultando a emissão de garantias bancárias para a compra de combustível pelas gasolineiras.

O problema está também a condicionar o funcionamento de serviços marítimos e o manuseamento de carga, bem como o plano de chegada de navios cargueiros ao porto da Beira, um dos principais de Moçambique.

“As perspetivas para 2025 são muito boas, são salutares e esperamos, se conseguirmos resolver, como país, a questão do combustível e a questão das divisas, que estaremos num bom caminho. Como sabe, o combustível é o vetor do desenvolvimento e isso pode impactar os nossos volumes, pode impactar nas divisas do país, pode impactar nas matérias-primas que o país necessita”, frisou ainda o responsável.

O Governo moçambicano afirmou em 11 de abril que as reservas de combustíveis estavam asseguradas e que a escassez em vários locais do país decorre de problemas com garantias bancárias dos distribuidores.

“Temos combustível disponível em Moçambique. A falta é o combustível chegar para o cidadão, mas para isso tem um intermediário, que são os fornecedores”, disse o porta-voz do Governo, Inocêncio Impissa, em declarações aos jornalistas.

Nas últimas semanas registam-se dificuldades no abastecimento de combustíveis em vários pontos do país, com alguns postos a enfrentar enormes filas e outros sem gasolina ou gasóleo.

O porta-voz do Governo garantiu que a situação dos combustíveis “tem mostrado estabilidade”, com uma “oferta regular do produto disponível no mercado, particularmente nos armazéns oceânicos”.

A “aparente falta de combustíveis nos postos de abastecimento”, acrescentou Impissa, “está mais relacionada com as questões logísticas e administrativas envolvendo as distribuidoras e os seus bancos”.

“A solução (…) passa por uma gestão eficiente das garantias bancárias por parte das distribuidoras e pelo aprimoramento da comunicação e coordenação entre as partes envolvidas, tanto distribuidoras, bancos e autoridades aduaneiras”, disse.

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By Impala News / Lusa

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