Milhões de euros em canábis saem de Lisboa para o Reino Unido
A BBC fez uma grande reportagem sobre “o boom da canábis medicinal” e encontrou, em Lisboa, sete estufas com 20 mil m², e 7.500 plantas em cada uma. Uma colheita destas tem o valor estimado em 3.8 milhões de euros.
Erva, canábis ou marijuana. Eis alguns dos nomes que, para muitos, são considerados tabu. Contudo, há seis anos que a canábis medicinal se tornou legal no Reino Unido e isso fez com que a BBC tenha, à margem de uma grande reportagem sobre esta indústria, vindo parar a Lisboa.
É que Portugal é responsável por plantar e exportar milhões de euros, no formato desta planta medicinal, para Inglaterra. Na reportagem – e no pequeno vídeo – que a estação britânica publicou sobre o assunto, pode ver-se o repórter nas instalações, onde estão sete estufas com 20 mil m² com 7.500 plantas em cada, bem na capital portuguesa, onde cada colheita tem o valor estimado de 3.8 milhões de euros.
Nuno Mendoca, o general-manager da Cura Leaf, diz que o clima português é bom para as plantas. Contudo, LED industriais são utilizados para garantir a consistência da colheita. Antes do produto final, a erva passa por várias fases. Dezenas de trabalhadores cortam a planta, embalam-na em caixas e passam-nas para outra equipa, que remove os caules.
Depois, a erva passa ainda por várias máquinas, num longo e complexo processo. O fármaco é depois enviado para um parque industrial perto do Rio Wear, onde fica o maior centro de processamento de canábis medicinal do Reino Unido. Em seis anos, o número de trabalhadores deste centro disparou de 42 para 200 pessoas.
Para que é utilizada a canábis medicinal
A canábis passou, há seis anos, a ser prescrita por médicos especialistas no Reino Unido, em mais de 30 clínicas espalhadas pelo país. É utilizada para tratamento de dor crónica ou doenças como TOC.
O produto final, para a maioria dos que o usam, é uma flor de cannabis seca que pode ser, por exemplo, vaporizada, reporta a BBC. A canábis medicinal tornou-se legal no Reino Unido em novembro de 2018, após uma campanha para torná-la disponível para crianças com epilepsia grave.
“Não é um medicamento que cura tudo”
Mike Barnes, neurologista consultor e especialista em canábis medicinal, falou com a BBC e explicou que os benefícios do uso deste fármaco são “esmagadores”. Não nega, contudo, que o ceticismo e o estigma ainda existem. “Não é um medicamento que cura tudo, não é um medicamento milagroso, mas é um medicamento extremamente útil para muitos problemas”, explicou.
Na reportagem, a BBC falou ainda com utilizadores de canábis medicinal, que explicaram os motivos por detrás da sua prescrição e revelaram em que lhes foi benéfico o uso deste fármaco.
Texto: Tiago Miguel Simões;
Foto: Unsplash
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