CAIS ajudou mais de 700 pessoas em 2023, entre licenciados e famílias monoparentais

A CAIS, associação de apoio a pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social, ajudou mais de 700 pessoas em 2023, entre as quais várias licenciadas ou famílias monoparentais cujos rendimentos são insuficientes para todas as despesas

CAIS ajudou mais de 700 pessoas em 2023, entre licenciados e famílias monoparentais

Em entrevista à agência Lusa, a propósito dos 30 anos que a associação celebra em 2024, a presidente da CAIS adiantou que no ano passado a associação apoiou diretamente cerca de 300 pessoas.

“Se olharmos para cada uma dessas pessoas e para o seu agregado familiar, ultrapassaram as 700 [pessoas] com que nós interagimos de alguma forma”, apontou Matilde Cardoso.

De acordo com a responsável, a maioria das pessoas que recorre à ajuda da associação são homens entre os 35 e os 49 anos, com segundo ou terceiro ciclos de estudos incompletos, mas já não são casos de pessoas em situação de sem-abrigo.

Matilde Cardoso disse que nesta faixa etária, a maior parte daquelas pessoas vive em quartos, o que também representa um problema pelo facto de não terem habitação própria, mesmo quando têm alguma literacia ou formação.

“A maior parte delas tem apoios sociais, o RSI [Rendimento Social de Inserção] ou outros, mas que não chegam para poder subsistir e ter aquilo que é o mínimo, que é ter uma casa digna, que hoje é difícil para toda a gente”, adiantou.

Sublinhou que o perfil das pessoas que procuram a CAIS mudou nestes 30 anos, tendo em conta que a associação nasce exatamente para tentar ajudar e dar resposta às pessoas que viviam em situação de sem-abrigo, o que hoje já não acontece.

“No ano passado, em 2023, tivemos 23 pessoas licenciadas a procurar o nosso apoio e a quem nós ajudámos a procurar emprego”, revelou.

Para Matilde Cardoso, a explicação está tanto no facto de “hoje uma licenciatura não quer[er] dizer nada”, como também por muitas vezes as pessoas acabarem em empregos fora do âmbito da licenciatura, cujos salários não são suficientes para todas as despesas.

Explicou que quem chega à CAIS costuma vir já referenciado por outras entidades, mas admitiu que “ainda há muita gente que vem bater à porta da CAIS porque sabe que a CAIS tem esta possibilidade de ajudar as pessoas a enquadrarem-se”.

Concretamente sobre o número de pessoas a quem a CAIS conseguiu ajudar a procurar trabalho, a presidente da associação revelou que em 2023 foram 133.

“Pode dizer-se que é pouco, mas não, é imenso porque há pessoas em que tenta-se uma vez, tenta-se outra vez e muitas vezes. São pessoas que têm, para além da falta de ‘skils’ técnicos, outros problemas ou precisam de algum acompanhamento mental”, salientou, sublinhando que este é um número “muito significativo”.

Por outro lado, destacou outro indicador que “também reflete muito do trabalho que a CAIS faz” e que tem a ver com a permanência no mercado de trabalho.

“Nós temos uma permanência de cerca de 60% a 70%, ou seja, quer dizer que ao fim de um ano a pessoa continua a trabalhar, que não desistiu, gostou do que estava a fazer e a empresa também”, observou.

Matilde Cardoso chamou igualmente a atenção para uma questão que diz ser “recorrente, mas pouco falada” e que são as famílias monoparentais.

“Pai ou mãe que ficou sozinho com os filhos, sem o outro parceiro para contribuir para o rendimento familiar, e que é um problema porque aquilo que auferem não é suficiente. Para além de terem toda a responsabilidade, não conseguem pagar a creche, normalmente não têm base de sustentação, e são situações dramáticas que também nos chegam”, contou.

A responsável acrescentou que o apoio dado às várias famílias é feito muitas vezes através de alimentos — “porque há gente que até tem trabalho, tem casa, mas não tem capacidade para alimentar a família como deve ser — e que a CAIS em 2023 distribuiu cerca de 11 mil refeições.

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By Impala News / Lusa

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