Banco do Japão revê em alta previsão para inflação mas mantém taxas de juro

O banco central do Japão reviu em alta, de 2,4% para 2,8%, a previsão para a inflação, mas manteve a taxa de juro de referência, um mês depois do primeiro aumento em 17 anos.

Banco do Japão revê em alta previsão para inflação mas mantém taxas de juro

No relatório trimestral de previsões económicas, o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) subiu em uma décima, para 1,9%, a previsão da inflação para 2025 e divulgou a primeira estimativa para 2026, também 1,9%.

A instituição considerou que, embora o impacto da subida do custo das importações vá diminuir, a inflação deverá continuar alta em 2025 devido ao preço do petróleo e ao fim das medidas governamentais para tentar refrear a subida dos preços ao consumidor.

A inflação no Japão fixou-se em 2,6% em março e está há dois anos acima da meta de 2% fixada pelo BoJ, inicialmente devido à subida do custo da energia, decorrente da guerra na Ucrânia, e atualmente devido ao aumento do preço da alimentação.

Pelo contrário, o BoJ reviu em baixa, de 1,8% para 1,3%, a estimativa para o crescimento económico no ano fiscal de 2023, que terminou a 31 de março, e baixou a previsão para o atual ano fiscal de 1,2% para 0,8%, devido ao fraco consumo.

“A economia japonesa recuperou moderadamente, embora tenha sido observada alguma fraqueza”, destacou o relatório, acrescentando que as exportações e a produção industrial permaneceram estáveis.

O banco central justificou a revisão em baixa considerando que o consumo privado, que representa cerca de 60% da economia, deverá permanecer fraco, apesar de empresas e sindicatos terem recentemente acordado os maiores aumentos salariais em três décadas.

Relativamente ao ano fiscal de 2025, o BoJ manteve a previsão de que o Produto Interno Bruto japonês irá crescer 1%, o mesmo valor previsto para 2026.

A instituição decidiu também hoje manter inalteradas as principais medidas da política monetária, um mês após ter subido a taxa de juro de referência a curto prazo, para 0,1%, pela primeira vez desde 2007.

Num comunicado, o banco central japonês disse que a decisão do conselho de política monetária foi tomada de forma unânime.

Após o anúncio, a moeda nipónica desvalorizou-se ainda mais e ultrapassou a marca de 155 ienes por dólar, pela primeira vez desde maio de 1990.

“É necessário prestar muita atenção à evolução dos mercados financeiros e cambiais e ao seu impacto na atividade económica e nos preços no Japão”, disse o BoJ no comunicado.

Horas antes, o ministro das Finanças japonês disse estar pronto para intervir e travar a queda acentuada do iene.

“Estamos preocupados com o lado negativo do iene mais fraco”, disse Shunichi Suzuki, acrescentando que lidar com o aumento dos preços é uma prioridade para o Governo.

Um iene fraco tende a impulsionar o mercado de ações, uma vez que inflaciona as remessas estrangeiras dos exportadores, mas também aumenta os custos das importações de energia e matérias-primas, das quais o Japão é dependente.

VQ (EJ) // SB

By Impala News / Lusa

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