ÚLTIMA HORA: PJ e MP fazem buscas na Câmara Municipal de Pedrógão Grande
As autoridades investigam o alegado uso incorreto de donativos à localidade para a reconstrução de habitações em Pedrógão Grande.
A Polícia Judiciária e o Ministério Público estão a fazer buscas na Câmara Municipal de Pedrógão Grande, confirma a autarquia. A Casa da Cultura da localidade também está a ser alvo de investigação, avança a imprensa nacional.
Estes dois locais de Pedrógão Grande são onde entidades trabalham na reconstrução das habitações afetadas pelos incêndios em junho do ano passado. Há dez elementos da Polícia Judiciária nas buscas, confirma a autoridade à revista Sábado.
A notícia das buscas foi avançada pela TVI24.
A fonte da PJ esclareceu à agência Lusa que são diligências de investigação no “âmbito do processo de atribuição de fundos para a reconstrução de casas”.
“Estamos empenhadíssimos em investigar num prazo curto”, sintetizou a fonte.
Em causa neste processo estão denúncias feitas por duas reportagens, uma da Visão e outra da TVI, que aludiam a situações ilegais na atribuição de fundos para a reconstrução de habitações.
As duas reportagens referiam que casas que não eram de primeira habitação foram contempladas com obras em detrimento de outras mais urgentes e também que casas que não arderam foram reconstruídas com fundos solidários.
A presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Ana Abrunhosa, negou a existência destas situações, mas, ainda assim, enviou para ao Ministério Público 21 processos para análise.
A CM de Pedrógão Grande confirma as buscas no seu site oficial. Leia em comunicado do Presidente:
Como é do conhecimento de todos, alguns processos de recuperação de casas ardidas pelos fogos na tragédia do ano passado em Pedrógão Grande têm sido objecto de suspeições por parte de alguns órgãos de Comunicação Social.
Independentemente das motivações e conteúdos de tais notícias, que a Presidência da Câmara não comenta por agora, Pedrógão Grande tem uma responsabilidade acrescida perante o Povo Português face à espantosa onda de solidariedade de que foi alvo.
O incêndio do ano passado ceifou demasiadas vidas e bens de muitos portugueses, especialmente de pedroguenses, para que possamos deixar agora arder na fogueira da dúvida o seu bom nome e o seu sentimento de profunda gratidão.
Somos mandatários de milhares de gestos puros e altruístas dos portugueses num movimento de solidariedade como não houve outro igual. É preciso que Portugal saiba que Pedrógão Grande respondeu e correspondeu, e que mais de 70% das casas estão reconstruídas e as pessoas realojadas num tempo recorde.
Pelo referido, e não só, é desejo imperioso e determinante da Presidência do Município de Pedrógão Grande que se apure toda a verdade.
Foi neste imperativo que se comunicaram os casos objeto de suspeição à CCDRC, Comissão de Desenvolvimento Regional do Centro, e se enviou, por excesso, pedidos de averiguação judicial ao Ministério Público, para que a Justiça diga de sua Justiça“.
Mas isso não dispensa a Comissão Técnica de fazer uma análise ainda mais minuciosa de todas as situações controversas. Foi neste imperativo que se convocou também para hoje a reunião da Comissão Técnica do REVITA que em breve vai começar.
Mas, para que não haja qualquer sombra de dúvida de que essas situações serão reanalisadas com total independência e sem qualquer tipo de influência ou interferência minha, resolvi por bem delegar a coordenação da Comissão.
Por isso desejo a todos os que a integram votos de um bom e produtivo trabalho, marcado como sempre pela isenção, justiça e sentido de responsabilidade.
A verdade tem de vir ao de cima, como o azeite.
Boa tarde a todos.
Valdemar Alves, 7 de Setembro
O incêndio que deflagrou em 17 de junho de 2017, em Escalos Fundeiros, concelho de Pedrógão Grande, e que alastrou depois a concelhos vizinhos, provocou 66 mortos e 253 feridos, sete deles com gravidade, tendo destruído cerca de 500 casas, 261 das quais eram habitações permanentes, e 50 empresas.
Em junho, no inquérito relacionado com a responsabilidade do incêndio, eram 10 os arguidos, todos pessoas singulares, de acordo com a Procuradoria-Geral Distrital de Coimbra.
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