Panteão Nacional dedica exposição a Guerra Junqueiro e à sua relação com a arte

As relações que o escritor Guerra Junqueiro manteve com o mundo da arte, seja enquanto colecionador, seja pela proximidade com artistas da época, são objeto de uma exposição que se inaugura na quarta-feira, no Panteão Nacional, em Lisboa.

Panteão Nacional dedica exposição a Guerra Junqueiro e à sua relação com a arte

Esta homenagem ao poeta e escritor, que morreu há mais de cem anos, e cujos restos mortais se encontram depositados no Panteão Nacional, vai centrar-se em peças, sobretudo de coleção, que testemunham as estreitas relações que Guerra Junqueiro manteve com os artistas do seu tempo, segundo informação divulgada pela Museus e Monumentos de Portugal (MMP).

Numa outra vertente, mas sempre no mesmo tema, que sustenta o título “Guerra Junqueiro e o capricho da Arte”, a exposição mostrará também como a obra poética de Guerra Junqueiro foi fonte de inspiração para a criação de obras plásticas por parte destes artistas.

“O projeto expositivo centra-se nas relações do escritor, político e diplomata com o mundo da arte, seja na sua vertente de colecionador de obras e exímio ‘connaisseur’, como nas relações que este manteve com os artistas do seu tempo”, esepcifica a MMP.

Abílio Manuel de Guerra Junqueiro, imortalizado como Guerra Junqueiro, foi uma importante personalidade literária da viragem do século XIX para o séc. XX, distinguindo-se como poeta e escritor, mas também pela sua participação cívica.

O autor de obras como “Os simples” ou “A morte de D. João” fez parte do movimento académico de Coimbra, conhecido como Geração de 70, ao lado de Antero de Quental, Eça de Queirós, Ramalho Ortigão e Oliveira Martins, pugnando pela renovação da vida política e cultural portuguesa.

Destacou-se também como político, antimonárquico, tendo sido deputado entre 1878 e 1891.

Na sequência do ultimato britânico (1890), Guerra Junqueiro publicaria os opúsculos “Finis Patriae” e “Pátria”, juntando-se à contestação nacional gerada em torno do governo português e da Casa de Bragança pela falta de firmeza na oposição à perda de domínio português nos territórios coloniais africanos situados entre Angola e Moçambique (o chamado “mapa cor de rosa”).

Guerra Junqueiro nasceu em 15 de setembro de 1850, em Freixo de Espada-à-Cinta, licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra e passou pelo Seminário, antes de escolher uma carreira literária.

Viria a morrer a 07 de julho de 1923 e teve exéquias fúnebres nacionais para o Mosteiro dos Jerónimos, de onde foi trasladado para o Panteão Nacional em 1966.

“Guerra Junqueiro teve um papel extremamente importante no cenário cultural de Portugal e foi classificado como o ‘Victor Hugo português’ devido à sua importância, tendo sido considerado por muitos o maior poeta social português do século XIX”, destaca o panteão, numa página dedicada à biografia do escritor.

Reconhecido pelos seus contemporâneos, Eça de Queirós, por exemplo, considerou-o “o grande poeta da Península”, Sampaio Bruno viu nele o maior poeta da contemporaneidade, e Teixeira de Pascoais descreveu-o como “um poeta genial”.

Fernando Pessoa também manifestou a sua admiração por Guerra Junqueiro, classificando “Pátria” uma obra “superior aos Lusíadas”, enquanto o escritor espanhol Miguel de Unamuno o definiu como “um dos maiores poetas do mundo”.

AL // MAG

By Impala News / Lusa

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