Museu Vieira da Silva celebra 30 anos com nova exposição para “contar histórias”
O Museu Arpad Szenes — Vieira da Silva, em Lisboa, celebra 30 anos com a inauguração, na quarta-feira, da exposição “331 Amoreiras em Metamorfose”, com obras de 84 artistas, criada para “contar múltiplas histórias”, sublinhou hoje a direção.
O novo projeto expositivo marca, em simultâneo, a celebração do trigésimo aniversário da abertura do museu e o início da programação de Nuno Faria enquanto novo diretor da instituição.
De acordo com o curador, em funções desde março depois de ter sido selecionado num concurso internacional, o Museu Vieira da Silva mudou a política da bilheteira e as entradas passarão a ser sempre gratuitas para residentes em Lisboa, e aos domingos para o público em geral.
A ultimar a montagem, o edifício na Praça das Amoreiras recebeu nova cor mate, “mais próxima do original”, indicou o diretor, acrescentando que foram convidados os ‘designers’ Pedro Falcão e Fernando Brízio para redesenhar a identidade gráfica e loja do museu.
“Esta exposição foi pensada como uma constelação que reúne a obra em desenho, pintura e gravura de Vieira da Sila e Arpad Szenes, em diálogo com obras de 84 artistas”, indicou Nuno Faria aos jornalistas durante uma visita antes da inauguração.
“331 Amoreiras em Metamorfose” ficará patente até 31 de dezembro de 2025, como “projeto em constante transformação, em linha com o tema, num conjunto de cinco montagens parciais”, com os seus próprios temas.
A inaugural, intitulada “O Tecido do Mundo”, estará patente até 09 de fevereiro de 2025, e apresenta obras de artistas consagrados, além do casal Vieira da Silva e Arpad Szenes, também Álvaro Lapa, Belén Uriel, Gaëtan, Ana Hatherly, Ângelo de Sousa, Dominguez Alvarez, Fernanda Fragateiro e Hans Hartung, entre outros.
Nuno Faria recordou que algumas das obras patentes na exposição — com peças da coleção do museu e de colecionadores privados e instituições — irão sair para ser expostas a partir de abril de 2025 nos museus Guggenheim em Veneza e Bilbau, nomeadamente “Atelier Lisbonne” (1934/35) e “Composição” (1936).
“Há uma curiosidade renovada sobre a obra de Vieira da Silva que poderá trazer novas leituras, e o seu trabalho está a despertar interesse para integrar exposições coletivas em diferentes áreas e com vários curadores”, referiu.
Nuno Faria disse ainda que, sob a sua direção e no âmbito do projeto expositivo que está a desenvolver, o museu “vai contar histórias, não só da História da arte, mas outras, a começar pelo seu edifício e das pessoas que o habitaram”.
Sobre o título da exposição, Faria explicou que remete para um conceito muito caro ao casal de artistas, “que sempre manteve uma curiosidade muito viva sobre as coisas novas”, explicou Nuno Faria, diretor artístico do Museu da Cidade do Porto entre 2019 e 2022.
Daí que a obra literária “Metamorfoses” do poeta romano Ovídio tenha excertos colocados logo ao início do percurso expositivo, ao lado de uma pintura de Vieira da Silva, intitulada “O regresso de Orfeu” (1986-91), criada num período doloroso, após a morte de Arpad Szenes (1897-1985).
Inspirado na origem do lugar onde a artista desejou que nascesse a fundação – a antiga Fábrica dos Tecidos de Seda e os seus entornos —, e da sua função específica na economia fabril, o novo programa do museu também “partirá da ideia de solidariedade e interdependência entre espécies para propor novas leituras dos universos artísticos de Vieira e Arpad”.
A primeira parte da exposição possui um peso significativo das obras em têxtil — “tão fundacionalmente característico do trabalho de Vieira da Silva ao longo das décadas da sua longa produção artística” – visíveis, por exemplo, em bordados de Ilda David ou telas em seda de Fernanda Fragateiro, criadas para a exposição.
A mostra terá “obras de Vieira da Silva raramente vistas, nomeadamente em desenho e gravura”, acompanhadas por peças de artistas com as quais dialoga, como José Escada, Lourdes Castro, Maria Capelo, Pedro A.H. Paixão, Robert Rauschenberg, Rui Moreira ou Sonia Delaunay.
O título da exposição também toma como referência as 331 amoreiras mandadas plantar pelo Marquês de Pombal para alimentar o processo de transformação e produção das fábricas de seda construídas na zona, entre as décadas de 1760 e 1770, no âmbito do plano de renovação urbanística da cidade pós-terramoto.
Ao longo de 14 meses, o projeto expositivo vai ter mais quatro momentos com montagens parciais: “Uma estreita lacuna”, de 13 fevereiro a 04 maio de 2025, “Histórias de bichos-da-seda”, de 08 de maio a 13 julho, “Notas sobre a melodia das coisas”, de 17 de julho a 28 de setembro, e “Ascensão: Vers la Lumière”, de 02 de outubro a 31 de dezembro.
A celebração do 30.º aniversário será ainda marcada com uma programação cultural paralela no interior e exterior do edifício.
AG // TDI
By Impala News / Lusa
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