Museu do CCB celebra um ano com quatro novas exposições e entradas gratuitas
O Museu de Arte Contemporânea – Centro Cultural de Belém (MAC/CCB), em Lisboa, vai celebrar um ano de existência com a inauguração de quatro novas exposições e entrada gratuita nos dias 26 e 27 de outubro.
As quatro novas exposições, de acordo com o anúncio do MAC/CCB, vão abordar a vivência da arquitetura e da cidade através de filmes de Bêka & Lemoine, o percurso criativo do arquiteto português Hestnes Ferreira, a transformação do espaço na visão do artista Fred Sandback, e uma seleção de obras das coleções do museu, inspirada no trabalho de Nan Goldin.
Durante dois dias, para assinalar um ano da abertura ao público, o MAC/CCB – que veio tomar o lugar do antigo Museu Coleção Berardo – terá entrada gratuita e horário alargado para as novas exposições temporárias, e uma performance do artista francês Xavier Le Roy, a que se juntam lançamentos de publicações, visitas guiadas e oficinas para adultos e famílias.
“Hestnes Ferreira — Forma | Matéria | Luz” e “Homo Urbanus. Uma Odisseia Cidamatográfica de Bêka & Lemoine” serão as duas primeiras exposições da nova temporada, a inaugurar na próxima quarta-feira, a primeira com curadoria de Alexandra Saraiva, Patrícia Bento d’Almeida e Paulo Tormenta Pinto, a segunda com Justin Jaeckle como curador, segundo a programação divulgada pelo museu.
“Forma | Matéria | Luz” irá apresentar uma leitura sobre a obra do arquiteto Raul Hestnes Ferreira (1931–2018), baseada no seu processo de trabalho, dominado pelo desenho a carvão e pela experimentação da arquitetura, numa organização da Fundação Instituto Marques da Silva.
A partir da mesma data, os visitantes poderão ver 13 filmes realizados pelos arquitetos, artistas e realizadores Bêka & Lemoine em outras tantas cidades muito diferentes, numa perspetiva que “coloca em diálogo o específico e o universal de modo a destacar as relações dos indivíduos — com o espaço, como entre si — que as cidades não apenas produzem como também refletem”, segundo a programação.
A partir de 23 de outubro o museu apresentará a obra de Fred Sandback (1943-2003) na mostra “Alinhavando o Espaço”, com curadoria de Lilian Tonle, abordando aspetos menos conhecidos do legado do artista norte-americano, nomeadamente os seus desenhos, gravuras, relevos em madeira e construções conceptuais.
“Despidas de qualquer matéria excedente, as suas esculturas extraem potência do mínimo, do rigor e da leveza. Trata-se de arranjos de fios de lã que fazem coalescer desenho e construção”, descreve um texto sobre a mostra de Sandback.
Na mesma altura, é inaugurada “Intimidades em fuga. Em torno de Nan Goldin”, com curadoria da diretora do museu, a historiadora e curadora espanhola Nuria Enguita, tendo como ponto de partida a obra “The Ballad of Sexual Dependency” da fotógrafa norte-americana nascida em 1953.
A obra de Goldin revela “um imaginário visual que dá conta da vida, de uma vida que se nomeia a si própria, numa série que dá forma a um espaço e a um tempo íntimos, um diário público que desfaz o presente, mostra a espessura das relações e dos vínculos através dos quais a vida simultaneamente passa e é vivida”, segundo a curadoria.
A exposição será acompanhada por um programa de música e uma performance no auditório do centro de espetáculos do CCB.
A primeira diretora do MAC/CCB, em funções há cerca de cinco meses, defendeu, em julho, em entrevista à agência Lusa, que os museus “devem ser lugares para pensar de forma crítica” e envolver todo o tipo de públicos.
“Há que encontrar um programa para o museu, mais do que de uma identidade”, declarou Nuria Enguita sobre o projeto que apresentou ao CCB, e que conquistou o júri do concurso internacional lançado em 2023.
O seu conhecimento da arte portuguesa, a sua experiência curatorial noutras instituições culturais – como o Instituo Valência de Arte Moderna (IVAM) e o Centro de Arte Bombas Gens, ambos em Valência, Espanha — pesaram na opção final do júri, que avaliou 39 candidatos, a maioria estrangeiros.
Questionada na altura, pela Lusa, sobre o rumo que pretende dar ao museu, a diretora artística sublinhou a importância de criar um programa aberto a trabalhar com a atualidade, e as questões dos artistas de várias gerações.
“A arte e a cultura formam parte do momento histórico e social e, como tal, das urgências do presente”, considerou a responsável de 57 anos, formada em História e Teoria da Arte pela Universidade Autónoma de Madrid, em 1990.
O espaço museológico renovou a sua identidade em outubro de 2023, após o fim do acordo de 15 anos entre o Estado e o colecionador José Berardo, cuja coleção se encontra ainda à guarda do CCB por decisão judicial, no âmbito de um processo da banca contra o empresário madeirense.
No MAC/CCB estão ainda obras do acervo da Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE), a Coleção Ellipse, adquirida pelo Estado, e a Coleção Teixeira de Freitas, deixada em depósito pelo colecionador.
AG // MAG
By Impala News / Lusa
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