Ministro quer reforçar fiscalização da mobilidade por doença de professores

O ministro da Educação defendeu hoje um regime de mobilidade por doença mais “justo e equitativo”, mas sublinhou também a necessidade de reforçar a fiscalização depois de, nos últimos dois anos, serem detetados casos fraudulentos.

Ministro quer reforçar fiscalização da mobilidade por doença de professores

“Temos de ser muito rigorosos neste sistema, porque há professores e famílias que precisam mesmo deste regime, mas temos de ter um regime justo e equitativo e que não é percebido pelos professores como um aproveitamento, por exemplo, para aproximação à residência”, disse Fernando Alexandre.

O ministro da Educação, Ciência e Inovação falava aos jornalistas no final da primeira ronda de negociações com organizações sindicais no âmbito da revisão do estatuto da carreira docente, dedicada à mobilidade por doença, que permite aos professores com patologias graves serem colocados em escolas perto de casa.

Segundo informação prestada aos sindicatos, entre os anos letivos 2022/2023 e 2023/2024, foram feitas 367 juntas médicas a docentes colocados em mobilidade por doença, sendo que em 81 casos não foram comprovadas as situações de doença (22,07%).

“Demos estes dados apenas para mostrar que temos desafios e temos de balancear, por um lado, a proteção dos professores e das famílias e, por outro lado, garantir que a organização da escola e do nosso sistema educativo não é perturbada por este regime”, afirmou o ministro.

Para isso, o Governo prevê lançar um concurso público para a contratação de juntas médicas.

Atualmente, podem solicitar a mobilidade por doença os professores colocados a mais de 20 quilómetros, em linha reta, em relação à morada de residência ou do prestador de cuidados de saúde, mas a sua colocação depende da capacidade de acolhimento definida pelas escolas e os docentes devem manter, pelo menos, seis horas de componente letiva.

Para já, o Governo propôs reduzir essa distância para 15 quilómetros e assegurar a mobilidade dos professores com preferência, designadamente aqueles que tenham uma doença incapacitante ou com filhos menores em situação de monoparentalidade com uma doença incapacitante.

Outra das novidades é que a capacidade de acolhimento das escolas passa a ser definida pela Direção-Geral da Administração Escolar.

“Estamos certos que a nossa proposta vai melhorar. Não posso dizer em que sentido, mas com certeza que quando mudarmos é para melhorar a proposta”, afirmou Fernando Alexandre, manifestando a disponibilidade do Governo para acolher sugestões dos sindicatos.

No final das reuniões, os sindicatos reconheceram melhorias na proposta da tutela, mas não deixaram de apontar aspetos a melhorar, como o critério da distância e o condicionamento das transferências à capacidade de acolhimento.

As regras atualmente em vigor, muito contestadas pelos professores, foram aprovadas pelo anterior Governo em 2022 e deveriam ter sido revistas em 2024, mas depois de reunir com as organizações sindicais em junho, o MECI decidiu adiar essas negociações por considerar que a falta de consenso entre a tutela e sindicatos justificava uma revisão mais profunda.

O novo regime deverá entrar em vigor já no próximo ano letivo, seguindo-se depois a discussão, sem calendário definido, do recrutamento, ingresso na carreira, formação e desenvolvimento profissional, condições de trabalho, revisão da carreira não revista, e modelo de avaliação de desempenho docente.

A próxima reunião negocial está agendada para o dia 21 de fevereiro, sendo que, entretanto, o ministério realizará reuniões técnicas com os sindicatos para poder rever a proposta.

 

MCA // CMP

By Impala News / Lusa

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