Militares assumem atropelamento de uma jovem em protestos em Maputo

Militares assumem atropelamento de uma jovem em protestos em Maputo

As Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) assumiram hoje terem atropelado uma jovem na capital moçambicana, esclarecendo que o veículo encontrava-se “numa missão de proteção de objetos económicos” contra manifestantes e que a vítima foi socorrida.

“Esta viatura encontrava-se em missão de proteção de objetos económicos essenciais, limpeza e desbloqueio das vias de circulação, no âmbito das manifestações pós-eleitorais e fazia parte de uma coluna militar devidamente sinalizada”, lê-se num comunicado de imprensa do Ministério da Defesa de Moçambique a que a Lusa teve acesso.

No documento refere-se ainda que a vítima foi “prontamente socorrida” no Hospital Central de Maputo, garantindo que se encontra a receber tratamento hospitalar “adequado”.

“As Forças Armadas lamentam profundamente o ocorrido e assumem total responsabilidade na assistência médica e psicossocial da vítima, no entanto, apelam às populações a observar, meticulosamente, as medidas de segurança relativamente ao respeito ao código de estrada e as prioridades das viaturas militares”, acrescenta-se no documento do Governo.

Uma fonte familiar confirmou à Lusa que a jovem que foi atropelada na manhã de hoje por um veículo de militares durante protestos no centro da capital moçambicana se encontra em estado grave.

A fonte referiu que a vítima encontra-se sob cuidados dos profissionais de saúde no Hospital Central de Maputo (HCM), maior unidade hospitalar do país, que também confirmou à Lusa que a jovem vítima de atropelamento está sob observação médica.

A Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) assegurou estar a acompanhar o caso, prometendo pronunciar-se mais tarde.

 O centro de Maputo vive desde esta manhã momentos de caos, com dezenas de manifestantes a apedrejarem viaturas da polícia, entre ruas totalmente bloqueadas, depois de uma jovem ter sido atropelada por militares, quando protestava no centro da avenida Eduardo Mondlane.

O trânsito em várias avenidas centrais de Maputo está totalmente bloqueado por manifestantes, que impedem a circulação, enquanto a polícia está a responder com lançamento de gás lacrimogéneo, em novos protestos contra o processo das eleições gerais moçambicanas de 09 de outubro, convocado pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.

O atropelamento da jovem, por uma viatura militar blindada que circulava em alta velocidade, cerca das 09:30 locais (07:30 em Lisboa), levou à ira dos manifestantes, que até então estavam apenas a cortar a circulação automóvel em praticamente todas as artérias centrais de Maputo.

À passagem de qualquer viatura policial, incluindo blindados, os manifestantes respondem com o arremesso de pedras e paus, pelo menos nas avenidas Eduardo Mondlane e Guerra Popular, centro da capital moçambicana.

Cerca das 11:00 locais (09:00 de Lisboa), as autoridades disparam balas reais e foram cercadas por dezenas de populares.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou à população moçambicana para, durante três dias, a partir de hoje, abandonar os carros a partir das 08:00 nas ruas, com cartazes de contestação eleitoral, até regressarem do trabalho.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane tem convocado estas manifestações, que degeneram em confrontos com a polícia – que tem recorrido a disparos de gás lacrimogéneo e tiros para dispersar -, como forma de contestar a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

 

PVJ/PYME // VM

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By Impala News / Lusa

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