Idio Chichava e Dorothée Munyaneza vencem Prémio Salavisa de Dança da Gulbenkian

O bailarino e coreógrafo moçambicano Idio Chichava e a artista anglo-ruandesa Dorothée Munyaneza são os vencedores da primeira edição do Salavisa European Dance Award, no valor de 150 mil euros, anunciou hoje a Fundação Calouste Gulbenkian.

Idio Chichava e Dorothée Munyaneza vencem Prémio Salavisa de Dança da Gulbenkian

O prémio, entregue hoje à noite numa cerimónia na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, distingue artistas de todo o mundo “com talento ou qualidades especiais que mereçam ultrapassar as suas fronteiras nacionais”, visando apoiá-los na projeção internacional, segundo a organização.

Os vencedores – que irão partilhar os 150 mil euros – foram escolhidos entre cinco finalistas por um júri independente composto por Mette Ingvartsen, Nayse López e Fu Kuen Tang, que destacaram as “abordagens artísticas particularmente bem-sucedidas” e a “ligação profunda” dos artistas aos seus contextos culturais e sociais.

Além do prémio monetário, ambos terão a oportunidade de apresentar os seus trabalhos nos palcos das seis instituições parceiras do galardão, que incluem o ImPulsTanz — Vienna International Dance Festival, o KVS – Royal Flemish Theatre (Bélgica), o Dansehallerne (Dinamarca), a Maison de la Danse/Biennale de la Danse (França), a Joint Adventures (Alemanha) e o Sadler’s Wells (Reino Unido).

Tanto as obras de Idio Chichava como Dorothée Munyaneza, sublinha o parecer do júri, “estão enraizadas não apenas em interesses artísticos pessoais, mas também numa compreensão complexa do mundo que os rodeia e do papel crucial que a dança pode desempenhar em discussões sociais mais amplas.”

A portuguesa Catarina Miranda, a marroquina Bouchra Ouizguen e a franco-argelina Dalila Belaza estavam entre os cinco finalistas da edição inaugural do prémio europeu de dança Salavisa lançado pela Gulbenkian.

Idio Chichava, bailarino e coreógrafo moçambicano, fez carreira em França e regressou a Moçambique, onde se tornou diretor artístico da companhia Converge+, que promove o ensino gratuito da dança junto de comunidades locais, e tem investido em produções multidisciplinares e criações colaborativas.

O júri destacou o seu trabalho como “uma afirmação poderosa da energia coletiva e do desejo de criar e coexistir”.

Dorothée Munyaneza, nascida no Ruanda, estudou música e ciências sociais em Londres, mudou-se para Paris, onde trabalhou com vários coreógrafos, e, em 2013, criou a sua própria companhia, Kadidi.

A artista utiliza música, canto, texto e movimento para abordar temas de rutura, “criando espaços de ressonância e esperança”, e desenvolvendo obras que, segundo o júri, “articulam história, trauma, amor e esperança, usando o corpo como instrumento narrativo e emocional”.

Para o júri, a artista “aborda onde mais dói, articulando história, trauma, mas também amor e esperança, com uma profunda compreensão do corpo e do seu potencial para contar histórias e criar espaços emocionais”.

Criado em 2023, o Salavisa European Dance Award homenageia o legado do bailarino e diretor artístico português Jorge Salavisa (1939-2020), sendo atribuído de dois em dois anos a artistas que ainda não alcançaram grande visibilidade no circuito europeu.

O júri desta edição incluiu Mette Ingvartsen, coreógrafa dinamarquesa que combina dança com artes visuais e tecnologia, Nayse López, curadora e diretora artística do Festival Panorama, e Fu Kuen Tang, dramaturgo e curador sediado em Banguecoque, com projetos em diversas plataformas na Europa e Ásia.

AG // MAG

By Impala News / Lusa

Impala Instagram


RELACIONADOS