Hong Kong quer replicar projeto europeu de teatro feito com e para jovens

Hong Kong está interessada em replicar um projeto da maior rede de teatros com financiamento público da Europa que tem os jovens como público-alvo e parte da criação.

Hong Kong quer replicar projeto europeu de teatro feito com e para jovens

Hong Kong, China, 18 out 2024 (Lusa) — Hong Kong está interessada em replicar um projeto da maior rede de teatros com financiamento público da Europa que tem os jovens como público-alvo e parte da criação, disse à Lusa a portuguesa Cláudia Belchior.

“Já há vários parceiros aqui em Hong Kong que estão muito interessados em trabalhar com os nossos membros europeus e fazer peças em conjunto”, disse a presidente da European Theatre Convention (ETC), fundada em 1988.

A líder da ETC, que reúne 63 teatros de 31 países, incluindo quatro de Portugal, está na região chinesa para participar na Hong Kong Performing Arts Expo, uma conferência de profissionais das artes de palco, que termina hoje.

Na quarta-feira, Belchior foi à Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong (HKICC, na sigla em inglês) explicar o projeto Young Europe (Europa Jovem), que convida dramaturgos a ir às salas de aulas e envolver os jovens na criação de peças.

O diretor da Escola de Criatividade Lee Shau Kee da HKICC, Yan Pat-to, “ficou muito entusiasmado”. “Tivemos uma reação fantástica”, disse a também assessora artística da Fundação Centro Cultural de Belém.

Embora a 4.ª edição (2011-2014) da Young Europe não tenha contado com a participação de teatros portugueses, Belchior defendeu que o projeto “pode ser feito na Ásia, pode ser feito em Portugal, pode ser feito num outro país europeu”.

O último tema foi “Vozes não dominantes” (‘Non-dominant voices’) e levou à criação de peças sobre assuntos como ‘fat-shaming’ (a discriminação contra pessoas com excesso de peso), suicídio, saúde mental, imigração e religião, sublinhou a presidente da ETC.

“É interessante para os próprios escritores, que percebem que há muito material que é necessário escrever, com outra linguagem, com outros temas, portanto, tem sido uma descoberta incrível”, referiu Belchior.

“As peças são trabalhadas com os jovens (…) e depois são mostradas nas escolas, porque consideramos também que a sala de aula é um espaço mais seguro para eles se manifestarem. E depois trabalhamos com pedagogos”, explicou a dirigente.

Belchior lembrou que, mesmo em bairros históricos de Lisboa, há infantários e escolas com alunos “de 30 nacionalidades e que falam 20 línguas diferentes” e defendeu que o teatro pode “ajudar os professores a chegar de uma forma mais criativa a estes jovens”.

O tema do Young Europe para os próximos quatro anos é “Cuidar” (‘Care’), porque, ao olhar “para a Europa toda, há uma grande diferença nos miúdos de 14, 15 anos”, sendo esta “uma geração que cresceu num mundo em conflito”, lamentou a presidente da ETC.

“São jovens que falam com muito mais abertura da importância da saúde mental” e dos problemas de isolamento e solidão, sublinhou Belchior, depois de terem também vivido “os anos brutais, fechados” da pandemia de covid-19.

Um problema também prevalente em Hong Kong, região que durante quase três anos implementou a política de ‘zero covid’, que incluía a restrição das entradas e quarentenas que chegaram a ser de 28 dias.

VQ (NL) // CAD

By Impala News / Lusa

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