Gripe custa 3,9 milhões de euros por ano ao Estado em hospitalizações

BARI – Burden of Acute Respiratory Infections – analisou o impacto das hospitalizações diretamente atribuíveis à gripe em Portugal, na perspetiva do sistema público de saúde, ao longo de 10 épocas gripais.

Gripe custa 3,9 milhões de euros por ano ao Estado em hospitalizações

Uma das principais conclusões do estudo BARI – Burden of Acute Respiratory Infections – que analisou o impacto das hospitalizações diretamente atribuíveis à gripe em Portugal, na perspetiva do sistema público de saúde, ao longo de 10 épocas gripais, revela praticamente 4 milhões de euros anuais em custos para o contribuinte.

O estudo BARI revela que o Serviço Nacional de Saúde tem encargos médios anuais de 3,9 milhões de euros diretamente atribuíveis às hospitalizações por gripe, dos quais 47% gerados pela população com idade igual ou superior a 65 anos.

Esta faixa etária é também a mais afetada pela gripe, com uma taxa média de hospitalização por gripe (ou infeção pelo vírus influenza) por 100 mil habitantes de 26,5 – em comparação com 7,8 nas pessoas abaixo dos 65 anos – e taxa de mortalidade hospitalar por gripe de 9,5% – por oposição a 3,1% nas pessoas com menos de 65 anos – que se agrava para 9,9% nas pessoas que têm comorbilidades como doenças cardiovasculares ou respiratórias.

Ao longo dos 10 anos, a maior taxa de hospitalização foi observada em 2017/18, época dominada pelo vírus influenza B / Yamagata. Carlos Robalo Cordeiro, pneumologista, professor e diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e vice-presidente da European Respiratory Society (ERS), que estará na FLU SUMMIT Portugal a apresentar os dados do estudo BARI sublinha que, “apesar do aumento da cobertura vacinal, ainda existe uma sobrecarga significativa de gripe na faixa etária a partir dos 65 anos, que regista mais hospitalizações e de maior duração”.

“A taxa de mortalidade também é superior às restantes faixas etárias, estando aumentada quando se conjugam comorbilidades crónicas, como doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, diabetes ou insuficiência renal. É muito importante continuar a reforçar a cobertura vacinal, nomeadamente nas pessoas a partir dos 65 anos, particularmente depois de a presente época demonstrar um registo de gripe quase residual, devido às medidas de isolamento, levando a uma possível baixa de imunidade da população na próxima época gripal de 2021/22.”

Carlos Rabaçal, cardiologista e membro da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, que também faz parte deste estudo, destaca que “estudos internacionais revelam que o risco de ter um enfarte agudo do miocárdio é 10 vezes superior nos dias seguintes à infeção por influenza e que o risco de ter um AVC é oito vezes superior nos dias a seguir a esta infeção, mesmo em pessoas saudáveis”. “Poder analisar este estudo realizado em Portugal e verificar que os picos de gripe e hospitalização por gripe coincidem com os picos de hospitalização por enfarte agudo do miocárdio reforça a importância de olharmos para a gripe enquanto infeção respiratória potencialmente grave, e cujo impacto pode afetar, para além dos pulmões, também o coração e o cérebro.”

A diretora geral da Sanofi Pasteur, Helena Freitas, salienta que “esta segunda edição da FLU SUMMIT Portugal reforça o compromisso da Sanofi Pasteur para com a consciencialização de todos face à gripe, enquanto infeção respiratória potencialmente grave que é, e o estudo do seu impacto em Portugal, sendo mais um passo no esforço conjunto com as autoridades de saúde e sociedade civil, para alertar para uma realidade muitas vezes desconhecida”. “É nossa missão contribuir para alcançar um mundo em que ninguém sofra ou morra de uma doença evitável através da vacinação ou imunização. É reconhecido mundialmente que a vacinação é o principal meio para a prevenção primária de doenças e uma das medidas de saúde pública mais custo-efetiva. Sabendo o impacto da gripe na pressão e nos gastos do SNS, e tendo em conta a pandemia que ainda estamos a viver, a vacinação contra a gripe e outras doenças infeciosas é mais importante do que nunca para aliviar o sistema de saúde.”

Além da apresentação das principais conclusões do estudo BARI – pelos especialistas Carlos Robalo Cordeiro e Carlos Rabaçal –, a FLU SUMMIT Portugal contará com a presença de Ana Sepúlveda, socióloga e empresária, managing partner da 40+Lab e presidente da Associação Age Friendly Portugal. No final, decorrerá o debate Os Pais, os Avós e a Gripe, com a participação de todos os oradores e moderação da jornalista Patrícia Carvalho.

Principais do estudo sobre a gripe

• Estudo BARI analisou 10 épocas gripais, nas quais foram identificadas um total de 13.629 hospitalizações, 52% das quais em doentes com idade igual ou superior a 65 anos.
• A taxa média de hospitalização por 100.000 habitantes com idade ≥65 anos foi de 26,5 (vs. 7,8 nas pessoas com <65 anos), e foi particularmente elevada em 2016/17 (58,9) e 2017/18 (80,7).
• A taxa de mortalidade hospitalar média foi de 9,5% em doentes com idade ≥65 anos (vs. 3,1% em doentes com <65 anos). O tempo médio de permanência (LOS) foi de 12,0 dias em doentes com idade ≥65 (vs. 9,6 naqueles com idade <65).
• No que toca aos encargos económicos para o SNS, o custo médio anual de hospitalizações diretamente atribuíveis à gripe foi de 3,9 milhões de euros, dos quais 47% gerados pela população com idade ≥65 anos.
• O custo médio anual por doente de hospitalizações diretamente atribuíveis à gripe ao longo das 10 épocas gripais epidémicas ficou em 3.302 euros, e aumentou tanto com a idade quanto com as comorbilidades (3.485 euros em doentes com idade <65 anos com comorbilidades vs. 2.164 euros nos doentes sem comorbilidades e 4.714 euros em doentes com 65 ou mais anos com comorbilidades vs. 2.024 euros nos doentes sem comorbilidades).
• Ao longo de 10 anos, a maior taxa de hospitalização foi observada em 2017/18, época dominada pelo vírus influenza B / Yamagata e que também registou o maior custo com internamentos: 8,6 milhões de euros, dos quais 65% da população com idade ≥65 anos.

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