Galeristas da ARCOlisboa apostam na qualidade para captar novos públicos
Galeristas que vão apresentar as suas propostas de arte contemporânea na feira internacional ARCOlisboa, entre quinta-feira e domingo, disseram hoje à agência Lusa ter boas expectativas para o certame que “traz sempre qualidade para captar novos públicos”.

Durante quatro dias, a oitava edição da feira de arte contemporânea volta a decorrer no edifício da Cordoaria Nacional, onde juntará galerias de 17 países, com 30 portuguesas e 53 estrangeiras, dando especial relevo às presenças de Espanha, Alemanha, Itália e Brasil.
Nas alas do histórico edifício, é visível a azáfama dos preparativos para apresentar ao público obras de arte contemporânea em múltiplos formatos, entre fotografia, escultura, pintura, azulejo, colagem, desenho e instalação.
Fernando Santos, galerista do Porto, disse à Lusa esperar que a nova edição da ARCOlisboa “traga um ano positivo como têm sido os outros até agora”.
“Esta feira é ótima porque tem uma dimensão que abarca uma grande representação das galerias portuguesas, em conjunto com um número significo de galerias estrangeiras”, avaliou o galerista enquanto dirigia a montagem das obras dos seis artistas em destaque no expositor.
O responsável da Galeria Fernando Santos — com mais de 30 anos de atividade — comentou, no entanto, que “às vezes as feiras correm bem, outras menos bem”.
“Este é um país pequeno, com uma componente cultural muito grande e a realização desta feira é fundamental porque torna possível mostrar qualidade aos colecionadores e tentar criar novo público”, acrescentou.
Questionado sobre a experiência das edições passadas, o galerista disse: “O ano de 2024 foi de sucesso. Vendemos quase tudo, e este ano esperamos dar a conhecer boas obras”.
A galeria do Porto vai apresentar trabalhos do artista espanhol Santiago Ydánez e dos portugueses João Louro, Pedro Calapez, Ana Vidigal, Pedro Valdez Cardoso e Gerardo Burmester.
“São obras escolhidas para ter aqui uma forte componente de qualidade. É preciso seduzir o novo público. Também temos uma função pedagógica de mostrar o melhor que se faz em Portugal. É preciso apoiar a cultura”, defendeu.
Depois de em edições anteriores a ARCOlisboa ter aberto portas gratuitamente a jovens até aos 25 anos durante uma tarde do certame, a opção da direção foi estender essa entrada a duas tardes, na sexta-feira (dia 30 de maio) e sábado (dia 31 de maio), a partir das 15:00.
Para Fernando Santos, o alargamento das entradas gratuitas a dois dias “é importante para que os jovens tenham entrada acessível e se crie condições para educar o gosto”.
“Este projeto é um investimento muito grande da instituição ARCO – Ifema de Madrid, da autarquia de Lisboa e dos próprios galeristas, que pagam o seu espaço”, sustentou.
A Galeria Zielinsky, de São Paulo, Brasil, também tem mantido a presença na ARCOlisboa ao longo das várias edições por considerar esta “uma feira interessante nas galerias e público”.
“Participamos todos os anos nesta feira, porque tem a união de um público europeu e também brasileiro. Como temos sede em São Paulo e Barcelona, esta feira acaba por ter essa ponte entre o Brasil e a Europa”, comentou o galerista Ricardo Zielinsky, em declarações à Lusa.
Com boas expectativas para a edição deste ano, a galeria escolheu os artistas brasileiros Dedé Lins, Denise Milan, Shirley Pais Leme, Valdirlei Dias Nunes.
Ainda neste expositor, os visitantes poderão descobrir obras do artista panamiano emergente Cisco Merel – cujo trabalho em barro e pintura aborda as questões da imigração — e que representou o Panamá na Bienal de Veneza em 2024, a primeira daquele país com pavilhão oficial.
Todos estes artistas abordam o tema do movimento e da dinâmica — cada um com a sua linguagem e materiais diferentes — focados na sinergia entre os povos.
“Portugal está num momento interessante também na arte contemporânea, tanto de público português como estrangeiro. Todos têm visitado bastante a feira”, disse Ricardo Zielinsky à Lusa.
A feira será composta por três núcleos: Programa Geral, com 61 galerias, Opening Lisboa, comissariado por Sofia Lanusse e Diogo Pinto, com 18 galerias, e “As formas do Oceano”, núcleo comissariado por Paula Nascimento e Igor Simões, reunindo projetos centrados em África, a sua diáspora e outras geografias, em cinco galerias.
O programa internacional previsto trará 150 convidados a Lisboa, entre diretores de museus, curadores, galeristas e outros profissionais do setor, “para dar visibilidade à feira e para que se interessem nos conteúdos da cidade nesta área”, apontou a responsável à Lusa.
Nos últimos três anos, a afluência à ARCOlisboa passou de 11 mil visitantes, em 2022, para mais de 13 mil, em 2023 e em 2024, segundo os números da organização.
Outra novidade, este ano, será a atribuição de novos prémios, entre os quais o Prémio de Aquisição Museu de Arte Contemporânea Armando Martins (MACAM), lançado este ano na ARCOmadrid, e o Prémio Aquisição Coleção Studiolo — Candela A. Soldevilla, da colecionadora espanhola.
Além destes, mantêm-se o Prémio Opening Lisboa, o Prémio Fundação Millennium bcp para o Melhor Stand, e também as aquisições da Fundação ARCO e da Câmara Municipal de Lisboa.
O Programa Geral contará com a estreia de galerias como Travesia Quatro, Duarte Sequeira, Set Espai d´Art e Each Modern, enquanto outras irão regressar após um interregno, como é o caso de Vermelho, Nuno Centeno, Rosa Santos, Fonseca Macedo e a Galeria de Las Misiones, que se juntam a outras já com presenças habituais, como as portuguesas Vera Cortês, Francisco Fino, Madragoa e Cristina Guerra Contemporary Art.
Neste núcleo estarão ainda projetos a solo de artistas como Diogo Pimentão, Miki Leal, Andrei Ibarra, Amélie Esterházy, Sonia Navarro, Justin Weiler e Manuel M. Romero, entre outros.
O setor comissariado “As Formas do Oceano” irá reunir cinco galerias: African Arty (Marrocos), Afronova (África do Sul), Christophe Person (França), Karla Osorio (Brasil) e Reiners Contemporary Art (Espanha).
O programa desta oitava edição da ARCOlisboa inclui ainda visitas a museus e a galerias de arte, lançamentos de livros, conversas e debates.
A inauguração oficial da ARCOlisboa está prevista para as 16:30, na Cordoaria Nacional, com a presença da ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, e do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, que farão uma visita à feira com os convidados.
AG // MAG
By Impala News / Lusa
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