Gaguez afeta mais de 100 mil portugueses e não se apanha com um susto

A gaguez é uma perturbação da fluência da fala, caracterizada por repetições, prolongamentos ou pausas. Não se apanha com um susto e leva a redução da auto-estima, episódios de ansiedade e isolamento social.

Gaguez afeta mais de 100 mil portugueses e não se apanha com um susto

A gaguez é uma perturbação da fluência da comunicação caracterizada por repetições, prolongamentos, pausas e bloqueios que condicionam a fala, dizemos-lhe que este problema afeta mais de 100 mil pessoas em Portugal e é quatro vezes mais comum nos homens.

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Sustos não provocam gaguez

Entre as causas da gaguez, a genética é muito importante, uma vez que em cerca de 60% dos casos existe um histórico familiar. A esta somam-se, segundo a Associação Portuguesa de Gagos, questões neurológicas, uma vez que estudos recentes revelam que pessoas com gaguez usam áreas neuronais distintas de pessoas que não gaguejam e fatores psicossociais, nos quais se enquadram as exigências do meio envolvente e como a sua própria família lidou com a gaguez. E ainda o desenvolvimento linguístico na infância.

Ao contrário do que muita gente pensa, a gaguez não se apanha com um susto, com o stress, não é sinónimo de nervosismo nem provocada pela dimensão da língua. Na verdade, está associada a uma redução da auto-estima, episódios de ansiedade e isolamento social, principalmente na infância, quando as crianças são mais cruéis.

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“Sempre gaguejei e isso nunca me inibiu. Os meus pais e a minha avó relativizaram sempre muito a minha forma de falar, brincavam com a minha gaguez e sempre me fizeram sentir à vontade”, confessou Joacine  Katar Moreira em entrevista dada ao DN, há dois anos.

Adiantando que sabia que teria de enfrentar situações em que seria avaliada pela maneira como falava, recorda que a gaguez “foi o início de uma inibição”, que se arrastou por alguns anos, mas quando a antiga deputado do Livre foi mãe de Anaís, há cerca de 5 anos, decidiu soltar-se. “Acabou-se toda a timidez, todas estas questões desapareceram.”

Sinais de alerta

Entre os vários sinais de alerta de que a criança pode vir a desenvolver gaguez permanente, a Associação Portuguesa de Gagos identifica repetições múltiplas de sons de fala (fonemas) ou sílabas das palavras – f-f-f-fiquei na escola ou fi-fi-fi-fiquei na escola –, prolongamentos de sons de fala – jjjjjjjjjoguei à bola –, inserção de um som de fala – em vez de bebé, produz ba-ba-ba-bebé –, elevar do timbre e do volume – conforme a criança repete e prolonga a produção da palavra o timbre e o volume aumentam –, tremor.

Outros sinais a que deve estar-se alerta são movimentos involuntários em redor dos lábios durante a produção de um som, palavra ou silaba, evitamento – a criança apresenta um numero invulgar de pausas –, substituição de palavras, uso elevado de interjeições (ah, uhm), palavras (tipo, bem) ou frases, evita falar ou, quando fala, tem uma voz tipo desenho animado.

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O medo é outro dos sintomas, pois a criança reconhece que há palavras que tem dificuldade em dizer e pode exprimir receio quando tem que dizê-las – frequentemente são o seu nome próprio, onde reside e dificuldade em iniciar ou manter o vozeamento enquanto fala. Ouve-se tipicamente quando a criança inicia uma frase, as palavras podem ser produzidas em catadupa enquanto se esforça para que o seu discurso seja fluente.

Tratamento

Existem diversas metodologias de intervenção bem sucedidas para o tratamento da gaguez. Se for uma criança, recorrendo à plasticidade cerebral o tratamento poderá ainda ser possível. Na maior parte dos casos, porém, esta perturbação da linguagem pode ser considerada doença crónica, sendo necessário aprender a controlá-la.

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