Fernando Pessoa segundo Robert Wilson no Teatro S. Luiz na temporada 2024-2025
“Pessoa”, uma criação de Robert Wilson com textos de Fernando Pessoa, a apresentar em março de 2025, é um dos acontecimentos centrais da temporada 2024-2025 do Teatro S. Luiz, em Lisboa, que hoje anunciou a sua programação.
Maria de Medeiros será a protagonista de “Pessoa — Since I have been me”, que subirá ao palco da sala Luis Miguel Cintra em 07 e 08 de março de 2025, depois de ter estreado em maio, em Florença, e de em novembro, estar em cartaz em Paris.
“É a primeira vez que um dos mestres principais do teatro se atira a um dos génios da literatura portuguesa e fez um espectáculo que considero magnífico, já o vi”, sublinhou o diretor artístico do Teatro S. Luiz, Miguel Loureiro, em declarações à agência Lusa.
Trata-se de um “grande investimento do S. Luiz”, coprodutor da peça em Portugal, e um investimento “também no capital simbólico da cidade, cidade de Pessoa”, frisou Miguel Loureiro, congratulando-se pelo desafio que lhes foi lançado por outro dos coprodutores da peça, o Théâtre de la Ville, de Paris, dirigido por Emmanuel Demarcy-Mota.
Estreado em maio, em Florença, a peça subirá ao palco do Théâtre de La Ville, em novembro.
A temporada 2024-2025 do S. Luiz abre com música, com dois espectáculos diferentes de Júlio Resende: um de música, “Fado Jazz — Filhos da revolução”, a 13 de setembro, “uma viagem pela alma musical portuguesa e uma celebração da Liberdade, dos 50 anos do 25 de Abril e da relação com África” e, um dia depois, com outro espectáculo musical com os Almo.
“Continuar e aumentar a vitalidade de um teatro que é central na cidade, numa altura em que temos várias salas fechadas por obras ou porque se foram perdendo, como é o caso do Teatro Nacional de S. Carlos”, com o qual o S. Luiz tem uma parceria institucional e que encerra para obras em 01 de agosto, ou do D. Maria II, “que ainda anda de um lado para outro”, ou o Teatro da Politécnica que fechou, é objetivo da nova temporada, acrescentou Miguel Loureiro.
Por isso, há que ter “a consciência de que o S. Luiz é um polo vital neste momento”, no centro da cidade.
Daí a diversidade das disciplinas e da programação, que aumenta em número de eventos assim como o acolhimento de concertos musicais, desde o pop-rock, à clássica e ao jazz, mas também para as músicas populares, a música improvisada, a world music e os festivais de música, como o Festival Antena 2.
Atuações da Orquestra de Câmara Portuguesa, cinco concertos da Orquestra Metropolitana de Lisboa, o ciclo “Foyer Aberto”, do São Carlos, que passa a realizar-se no S. Luiz, e uma ópera ainda a designar, constam das propostas musicais.
“Em tempos de guerra — temos duas guerras no mundo, temos as política a extremarem-se, a polarizarem-se de uma forma escandalosa -, em tempo de guerra assumida e realmente de crise profunda, nós cantamos e dançamos”, frisou Miguel Loureiro a propósito da nova temporada.
“Isto não são gestos fúteis, nem são gestos de recriação só, como se costuma dizer. São gestos quem nos ajudam a entender-nos a nós próprios a partir daquilo que vem da criação do espírito. E nesse sentido, a dança, o canto, a palavra sustentada em teatro ou em poesia é importante para nos medir com esta entropia, com este caos que se passa à nossa volta”, reforçou Miguel Loureiro.
Não se trata de ver a arte como uma “identidade salvífica”, prosseguiu, mas como algo que “ajuda a perspetivar com o que nos é confuso e ajuda a perceber melhor este tempo que estamos”.
Uma leitura encenada de “O mundo começou às 5 e 47”, de Luiz Francisco Rebello, assinalando o centenário de nascimento do escritor, dramaturgo, encenador e antigo diretor do S. Luiz, o ciclo de pensamento “O nosso futuro ainda humano”, com curadoria de Carlos Pimenta, que levará os filósofos José Gil e Maria Filomena Molder ao teatro, a comemoração dos 30 anos da Galeria Zé dos Bois são outras das propostas da nova temporada.
Na área da dança, haverá também “Blasons + Doesdicon”, com François Chaignaud, Tânia Carvalho e Dançando com a diferença, enquanto no teatro constam espectáculos como “Amedée ou Como Desembaraçar-se”, de Eugene Ionesco, numa encenação de Ivo Alexandre, e a estreia de “Last call”, de Os Possessos, numa criação e interpretação de Leonardo Garibaldi.
Samuel Úria, Miranda, Lena d´Água, que hoje cantou na apresentação da temporada, um festival de flamenco, o Festival Misty Fest, Maria João, Tony Ann, Sem Helbig, um concerto de Cristina Branco a revisitar músicas de José Afonso também se encontram na programação.
Martim Sousa Tavares continuará a marcar presença no S. Luiz, num momento com a Orquestra do Algarve e, noutro, com Catarina Wallenstein, numa noite dedicada a Kurt Weill.
A estas propostas juntam-se Pedro Jóia e um recital de Richard Strauss, por Nuno Vieira de Almeida e Rita Blanco.
“As bruxas de Salem”, de Arthur Miller, numa encenação de Nuno Cardoso para o Teatro Nacional S. João, a companhia O Útero a encenar Shakespeare, Carla Bolito a abordar a obra de Nathalie Serraute e o ciclo “A tempo”, em que a estrutura Terra Amarela de Marco Paiva ocupará a sala Mário Viegas, estão na programação de teatro.
Da Austrália virá Paulo Castro e sua mulher para apresentarem “Macbeth”, na versão de Heiner Müller, enquanto a Escola de Mulheres homenageará a sua fundadora Fernanda Lapa, em “Deseja-se Fernanda!”.
Hotel Europa, Raquel André e Keli Freitas são também outros nomes para a programação do S. Luiz.
A temporada 2024-2025 encerrará com “As Troianas”, de Séneca, numa encenação de Renata Portas, a representar de 10 a 13 de julho de 2025.
CP // MAG
By Impala News / Lusa
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