Estudantes angolanos pedem investigação a vagas comercializadas nas escolas públicas

Estudantes angolanos disseram hoje que há cada vez mais vagas a ser comercializadas nas escolas de Luanda, instando os órgãos de justiça a investigarem estas práticas.

Estudantes angolanos pedem investigação a vagas comercializadas nas escolas públicas

O presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), Francisco Teixeira, apontou a Escola Técnica de Saúde de Luanda, o Instituto Médio de Economia de Luanda, o Instituto Médio Industrial de Luanda e o Instituto Médio Politécnico Alda Lara como as escolas públicas “mais corruptas”.

“Entendemos serem [estas] as escolas mais corruptas, onde não se estuda sem se pagar nada. Já lá vão quase cinco anos que temos denunciado essas escolas, porque não se estuda nelas sem se pagar entre 200 mil kwanzas (209 euros) e 300 mil kwanzas (313 euros)”, disse hoje o responsável.

Francisco Teixeira prometeu realizar encontros, ainda esta semana, com a Polícia Nacional e com efetivos do Serviço de Investigação Criminal (SIC), visando apertar o cerco às escolas alegadamente corruptas, tendo em conta o ano letivo 2024-2025 que se avizinha.

“Nós vamos acionar o SIC, os órgãos de justiça para que haja maior investigação e os comerciantes de vagas sejam devidamente punidos”, assegurou Teixeira, quando falava em conferência de imprensa, em Luanda.

O líder do MEA, que fazia um balanço do ano letivo findo e a antecipação do próximo, que se inicia em setembro, apontou vários fatores que, no seu entender, concorreram para um balanço “totalmente negativo”.

Entre estes apontou o número elevado de crianças e jovens fora do sistema de ensino por falta de escolas, o elevado número de desistências devido à subida do preço dos transportes públicos e a falta de professores, laboratórios, bibliotecas e da merenda escolar como situações que “mancharam” o ensino geral.

“Registamos escolas que terminaram o ano letivo sem professores de língua portuguesa, matemática, sobretudo, no ensino médio”, realçou Francisco Teixeira, lamentando a falta de uma “aposta séria” e de um orçamento eficaz para a melhoria da qualidade de ensino.

Em relação ao ano letivo que arranca em setembro próximo, Teixeira disse antever inúmeras dificuldades para os pais e encarregados de educação matricularem seus educandos, por entender que o encerramento de seis escolas em Luanda, para obras de reabilitação, vai limitar as vagas.

Manifestou-se igualmente cético quanto ao decreto do Ministério da Educação que determina exames de acesso ao ensino médio técnico profissional, tendo questionado a capacidade de a entidade ministerial supervisionar os testes com clareza, isenção e sem atos de corrupção.

“Se não houver capacidade do Ministério da Educação para isenção e melhor correção das notas, vamos ter mais burocracia, mais corrupção e vão estudar sempre os mais fortes e não os mais inteligentes”, frisou.

Denunciou também que escolas públicas, sobretudo em Luanda, estão a ser transformadas em prostíbulos durante a noite, com alegada conivência dos agentes da segurança, que devido à falta de salários alugam as salas de aula em troca de alguns kwanzas.

Sobre o subsetor do ensino superior, o presidente do MEA fez um balanço negativo do ano académico recém-terminado, fundamentalmente devido à falta de vagas, laboratórios e investigação científica.

DYAS // MLL

By Impala News / Lusa

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