Covid-19: «Não se pode desconfinar já», diz bastonário da Ordem dos Médicos
O bastonário da Ordem dos Médicos sublinha que “não se pode desconfinar já”, referindo que não conhece um “número mágico” para apontar data ao desconfinamento.
O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) sublinha que “não se pode desconfinar já”, referindo que não conhece um “número mágico” para apontar data ao desconfinamento, mas isso só pode acontecer quando “diminuírem os internamentos de cuidados intensivos”.
“Não há dúvida de uma coisa: não podemos desconfinar já. Tivemos uma grande onda, menor no Norte do que no Sul do país, mas é sensato esperar mais algum tempo e esperar que os números de infetados por dia diminuam de forma substancial, apesar de neste momento estarem em queda significativa”, disse Miguel Guimarães.
“Precisamos de manter estas medidas de confinamento por um período de dois meses para trazer o número de camas ocupadas em cuidados intensivos abaixo das 200 e a incidência acumulada a 14 dias abaixo dos 60 casos por 100 mil habitantes“, defendeu o epidemiologista Baltazar Nunes.
Apontando que “respeita muito o trabalho muito importante que os epidemiologistas fazem”, Miguel Guimarães disse que vai ouvir o gabinete de crise da Ordem dos Médicos, frisando a importância dos médicos que estão no terreno, mas concordou que as medidas de aligeiramento do confinamento têm de ser acompanhadas da diminuição da pressão dos cuidados intensivos.
“É de esperar que haja uma capacidade de resposta maior nos cuidados intensivos para se começar a fazer o desconfinamento de forma ordenada e segura. Isso não quer dizer que sejam dois ou um mês [meses]. Mas uma coisa é certa: a capacidade dos cuidados intensivos não é ilimitada. Não sei qual é o número mágico”, disse.
Miguel Guimarães apontou que antes da pandemia da covid-19 a capacidade nacional nas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) rondava os 600 ou 700, sendo agora de 1.000 a 1.100, mas reiterou: “o número atual de doentes em UCI é exagerado“.
“Em 10 doentes internados em UCI, nove são covid-19 e um não covid. Não há dúvida que temos de libertar camas de cuidados intensivos para tratar os doentes prioritários”, disse, aproveitando para frisar a necessidade de acudir aos doentes não covid, alguns dos quais “com cirurgias que requerem cama de cuidados intensivos nem que seja por 24 horas para uma vigilância mais apertada”.
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