Fenprof vê com «muita preocupação» reabertura de jardins de infância
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) manifestou hoje “muita preocupação” com a reabertura dos jardins de infância e criticou o Ministério da Educação por não ter procedido à testagem generalizada de educadores e funcionários à covid-19.
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) manifestou hoje “muita preocupação” com a reabertura dos jardins de infância e criticou o Ministério da Educação por não ter procedido à testagem generalizada de educadores e funcionários à covid-19.
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Em declarações à Lusa em Briteiros, Guimarães, à porta do jardim de infância em que leciona, a coordenadora do Departamento de Educação Pré-Escolar da Fenprof, Júlia Vale, criticou o facto de o Ministério não ter providenciado no sentido da subdivisão de turmas e a consequente contratação de mais pessoal docente e não docente, de forma a evitar concentrações de crianças numa na mesma sala.
“Há coisas que falharam da parte do Ministério da Educação”, referiu.
Crianças regressam hoje aos jardins de infância
As crianças em idade pré-escolar regressam hoje aos jardins de infância, que voltam a funcionar com novas regras, depois de encerradas durante mais de dois meses, devido à pandemia da covid-19.
No dia 16 de março, o Governo suspendeu todas as atividades letivas presenciais, para conter a propagação do novo coronavírus, e os estabelecimentos de ensino, desde creches a universidades, encerraram.
Para Júlia Vale, a reabertura dos jardins de infância seria “bem mais tranquila” se todos os profissionais tivessem sido previamente testados à covid-19.
“Nuns locais foram, noutros não foram, dependendo da decisão de cada câmara municipal. A testagem generalizada será muito importante, mas o Ministério da Educação demitiu-se completamente desta questão”, sublinhou.
A dirigente sindical criticou ainda a não subdivisão das turmas e a falta de equipamentos e materiais de proteção em alguns estabelecimentos do país.
“Ainda ontem [domingo] o responsável de uma escola me dizia que a única coisa que tinham era gel desinfetante”, apontou.
Afirmando perceber o problema das pessoas que estão em ‘lay-off’ e precisam de voltar ao trabalho, a Fenprof questiona a pertinência da reabertura dos jardins de infância nesta altura, quando é certo que vão apenas vão funcionar 17 dias, seguindo-se as férias.
“Todos os educadores de infância e assistentes operacionais têm a noção clara de que era inevitável o regresso, mais cedo ou mais tarde, mas temos dúvidas de que devesse ter acontecido agora, por 17 dias”, disse Júlia Vale.
Questionou ainda por que é que abrem as escolas de determinados níveis de ensino e as de outros permanecem fechadas. “Ou regressam todos ou não regressa nenhum. O Ministério da Educação não pode, a pretexto da alegada imunidade de grupo, usar-nos como balas de canhão para testar as suas teorias”, criticou.
A dirigente sindical referiu que os educadores de infância são o segundo grupo mais envelhecido da classe docente, alertando que a idade é precisamente um dos fatores de risco para a covid-19.
“Há muita preocupação dos profissionais e dos encarregados de educação com esta reabertura”, rematou.
Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, que sexta-feira foi prolongado até 14 de junho, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
Esta fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório apenas para pessoas doentes e em vigilância ativa e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.
Novas medidas entraram em vigor hoje, com destaque para a abertura dos centros comerciais (à exceção da Área Metropolitana de Lisboa, que continuarão encerrados até, pelo menos, 04 de junho), dos ginásios ou das salas de espetáculos.
Estas medidas juntam-se às que entraram em vigor no dia 18 de maio, entre as quais a retoma das visitas aos utentes dos lares de idosos, a reabertura das creches, aulas presenciais para os 11.º e 12.º anos e a reabertura de algumas lojas de rua, cafés, restaurantes, museus, monumentos e palácios.
Sábado regressaram as cerimónias religiosas comunitárias, enquanto a abertura da época balnear acontecerá em 06 de junho.
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